Cultura
Contra a dublagem, em nome da arte
A campanha #DubladoSemOpçãoNão já coletou mais de 3.500 assinaturas e os insatisfeitos protestam ainda no Facebook e Twitter.
Está correndo na internet uma espécie de manifesto contra a dublagem dos filmes que passam nos canais pagos.
A campanha #DubladoSemOpçãoNão já coletou mais de 3.500 assinaturas e os insatisfeitos protestam ainda no Facebook e Twitter.
Segundo os líderes dessa mobilização o problema não é propriamente a dublagem, em si. Mas com o fato das emissoras não deixarem opção aos assinantes.
A preferência por filmes dublados vem da constatação em pesquisa de que o telespectador prefere essa opção.
E como quem comanda o mundo é o mercado (até inventarem outra solução), as emissoras se submetem a essa maioria.
A tendência tem se agravado com a emergência da chamada “classe C”, que teria dificuldades em acompanhar a leitura das legendas.
Nos últimos tempos, com a ascensão da classe C, o número de consumidores da TV fechada subiu.
Aí é que começa o “imbróglio” .
Ser contra a dublagem e a favor dos filmes legendados passa a ser visto como uma atitude elitista.
Mas convenhamos que, para alguém que curta o cinema, ouvir a voz do intérprete pode ser fundamental.
Vamos a alguns exemplos, de clássicos do cinema. Começando com uma voz que sequer é humana, a do “personagem” Hal, o robô rebelde de “2001, Odisséia no Espaço”.
Talvez fosse necessário convocar o nosso prezado Zé do Caixão para , depois de treinos exaustivos, conseguir a mesma soturna inquietação que Hal provoca no espectador à cada vez em que se manifesta.
Não é fácil imitar a voz de um robô dirigido por Kubrick.
O que dizer então da voz de um Jack Nicholson quando incorpora o demônio em as “As Bruxas de Eastwick”?
Não sou diretor de cinema, mas acredito que, pelo menos em alguns casos, ele deve cogitar se um certo ator tem a voz adequada para determinado papel.
Imagino que F.F. Copolla, ao compor o personagem do coronel que surta em “Apocalypse Now”, tivesse em mente a figura e o tom de voz de Marlon Brando.
E no caso da voz de Brando como Don Corleone?
A preocupação com a voz do “capo” mafioso foi tanta que levou Brando a encher a boca com chumaços de algodão nas suas falas.
Seria ocioso lembrar obras-primas da história do cinema que perderiam grande parte do seu impacto se tivessem sido dubladas.
Quem, treinado ou não, seria capaz de “imitar” a inesquecível voz de Marilyn Monroe em “O Pecado Mora ao Lado” ?
E a voz daquele tremendo ator, Joe Pesci, que praticamente só tem uma palavra no seu repertório, “fuck you”.
Aliás, como traduzir essa expressão?
E o coronel cego Al Pacino, no seu enfático discurso anti-conservador nas cenas finais de “Perfume de Mulher”?
Vamos a outro caso extremo. Quem seria capaz de dublar o Mario Moreno , o Cantinflas, na hora em que ele dispara sua metralhadora giratória de puro e genial besteirol?
E quem dublaria o fantástico Totó, e seu italiano peculiaríssimo?
Não, meus amigos, no caso não se trata de ser metido a intelectualóide ou elitista.
Em cinco anos, as tevês pagas saltaram de 4 para aproximadamente 12 milhões de brasileiros.
Essa audiência prefere ver filmes dublados. Perfeito. Mas dêem aos que gostam do cinema como ele é a opção de respeitarem a obra de arte.
Há meios para as emissoras colocarem no ar as opções: 1 – som original, com legendas; 2 – dublado em português.
Como se fosse um DVD qualquer, até mesmo uma cópia pirata.
Está correndo na internet uma espécie de manifesto contra a dublagem dos filmes que passam nos canais pagos.
A campanha #DubladoSemOpçãoNão já coletou mais de 3.500 assinaturas e os insatisfeitos protestam ainda no Facebook e Twitter.
Segundo os líderes dessa mobilização o problema não é propriamente a dublagem, em si. Mas com o fato das emissoras não deixarem opção aos assinantes.
A preferência por filmes dublados vem da constatação em pesquisa de que o telespectador prefere essa opção.
E como quem comanda o mundo é o mercado (até inventarem outra solução), as emissoras se submetem a essa maioria.
A tendência tem se agravado com a emergência da chamada “classe C”, que teria dificuldades em acompanhar a leitura das legendas.
Nos últimos tempos, com a ascensão da classe C, o número de consumidores da TV fechada subiu.
Aí é que começa o “imbróglio” .
Ser contra a dublagem e a favor dos filmes legendados passa a ser visto como uma atitude elitista.
Mas convenhamos que, para alguém que curta o cinema, ouvir a voz do intérprete pode ser fundamental.
Vamos a alguns exemplos, de clássicos do cinema. Começando com uma voz que sequer é humana, a do “personagem” Hal, o robô rebelde de “2001, Odisséia no Espaço”.
Talvez fosse necessário convocar o nosso prezado Zé do Caixão para , depois de treinos exaustivos, conseguir a mesma soturna inquietação que Hal provoca no espectador à cada vez em que se manifesta.
Não é fácil imitar a voz de um robô dirigido por Kubrick.
O que dizer então da voz de um Jack Nicholson quando incorpora o demônio em as “As Bruxas de Eastwick”?
Não sou diretor de cinema, mas acredito que, pelo menos em alguns casos, ele deve cogitar se um certo ator tem a voz adequada para determinado papel.
Imagino que F.F. Copolla, ao compor o personagem do coronel que surta em “Apocalypse Now”, tivesse em mente a figura e o tom de voz de Marlon Brando.
E no caso da voz de Brando como Don Corleone?
A preocupação com a voz do “capo” mafioso foi tanta que levou Brando a encher a boca com chumaços de algodão nas suas falas.
Seria ocioso lembrar obras-primas da história do cinema que perderiam grande parte do seu impacto se tivessem sido dubladas.
Quem, treinado ou não, seria capaz de “imitar” a inesquecível voz de Marilyn Monroe em “O Pecado Mora ao Lado” ?
E a voz daquele tremendo ator, Joe Pesci, que praticamente só tem uma palavra no seu repertório, “fuck you”.
Aliás, como traduzir essa expressão?
E o coronel cego Al Pacino, no seu enfático discurso anti-conservador nas cenas finais de “Perfume de Mulher”?
Vamos a outro caso extremo. Quem seria capaz de dublar o Mario Moreno , o Cantinflas, na hora em que ele dispara sua metralhadora giratória de puro e genial besteirol?
E quem dublaria o fantástico Totó, e seu italiano peculiaríssimo?
Não, meus amigos, no caso não se trata de ser metido a intelectualóide ou elitista.
Em cinco anos, as tevês pagas saltaram de 4 para aproximadamente 12 milhões de brasileiros.
Essa audiência prefere ver filmes dublados. Perfeito. Mas dêem aos que gostam do cinema como ele é a opção de respeitarem a obra de arte.
Há meios para as emissoras colocarem no ar as opções: 1 – som original, com legendas; 2 – dublado em português.
Como se fosse um DVD qualquer, até mesmo uma cópia pirata.
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