Economia
“Escolha de Azevedo mostra confiança na liderança do Brasil”, diz analista
Brasileiro obteve amplo apoio de países emergentes e oposição da União Europeia
Na disputa pelo posto de diretor-geral da Organização Mundial de Comércio (OMC), o brasileiro Roberto Azevedo obteve 93 dos 159 votos (13 a mais do que o necessário para ganhar). Para o resultado, oficializado nesta quarta-feira 8, foi fundamental o apoio fundamental de países emergentes da América Latina e da África ao baiano, destacando a importância de políticas comerciais Sul-Sul, implementadas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em busca de uma ligação mais intensa com países africanos e vizinhos sul-americanos.
O posicionamento de Lula rendeu críticas de que o Brasil estaria se afastando dos grandes atores do comércio em uma postura isolacionista. A crise mundial de 2008, no entanto, afetou profundamente as nações desenvolvidas e deu aos emergentes mais força e influência na economia. E foram eles que apoiaram a candidatura do brasileiro. “Essa votação mostrou o resultado de articulações e da grande confiança na liderança brasileira por parte de um conjunto muito grande de países, entre eles os BRICS (Rússia, Índia, China e África do Sul). Esse apoio é uma vitória que dá ao Brasil condições de reabrir as negociações da Rodada de Doha”, acredita Giorgio Romano Schutte, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC.
A escolha de Azevedo, diz, teve início em 2003 na reunião ministerial de Cancun, no México. À época, o Brasil ajudou a criar e a coordenar o G20, um grupo de 23 países de três continentes (entre eles África do Sul, Argentina, China e México) que representa 21% da produção agrícola mundial e 26% das exportações.
O bloco se firmou como um dos mais influentes nas negociações agrícolas de Doha, suspensas desde 2008, alçando o Brasil com um dos líderes dos emergentes. “Antes eram os ricos que sentavam e ditavam as regras, depois chamavam os outros para concordar. O G20 começou questionar isso e propor outra forma de articulação.”
Na eleição contra o mexicano Hermínio Blanco, o Brasil não obteve o apoio de diversos países desenvolvidos. A União Europeia e a Croácia, que somam 28 votos, por exemplo, se opuseram a Azevedo. Eles alegam que o Brasil tem adotado uma posição protecionista em meio à crise internacional.
Críticas rebatidas pelo Ministério de Relações Internacionais, para quem o País segue as normas do comércio internacional. “Estamos em um contexto de crise com diferentes estratégias, o que gera mais sensibilidade por outras políticas”, diz Daniela Arruda Benjamim, chefe da Coordenação-Geral de Contenciosos do Itamaraty. “O governo vem promovendo mudanças para melhorar a vida da população. Os acordos da OMC não devem proibir isso, pois a entidade tem como objetivo o desenvolvimento.”
Romano também refuta as críticas de protecionismo e ressalta que a OMC possui um fórum de soluções de controvérsias no qual é pouco acionado. “O Brasil não é um protecionista, ainda mais se analisar a proteção a produtos agrícolas nos Estados Unidos e na União Europeia com subsídios.”
Na disputa pelo posto de diretor-geral da Organização Mundial de Comércio (OMC), o brasileiro Roberto Azevedo obteve 93 dos 159 votos (13 a mais do que o necessário para ganhar). Para o resultado, oficializado nesta quarta-feira 8, foi fundamental o apoio fundamental de países emergentes da América Latina e da África ao baiano, destacando a importância de políticas comerciais Sul-Sul, implementadas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em busca de uma ligação mais intensa com países africanos e vizinhos sul-americanos.
O posicionamento de Lula rendeu críticas de que o Brasil estaria se afastando dos grandes atores do comércio em uma postura isolacionista. A crise mundial de 2008, no entanto, afetou profundamente as nações desenvolvidas e deu aos emergentes mais força e influência na economia. E foram eles que apoiaram a candidatura do brasileiro. “Essa votação mostrou o resultado de articulações e da grande confiança na liderança brasileira por parte de um conjunto muito grande de países, entre eles os BRICS (Rússia, Índia, China e África do Sul). Esse apoio é uma vitória que dá ao Brasil condições de reabrir as negociações da Rodada de Doha”, acredita Giorgio Romano Schutte, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC.
A escolha de Azevedo, diz, teve início em 2003 na reunião ministerial de Cancun, no México. À época, o Brasil ajudou a criar e a coordenar o G20, um grupo de 23 países de três continentes (entre eles África do Sul, Argentina, China e México) que representa 21% da produção agrícola mundial e 26% das exportações.
O bloco se firmou como um dos mais influentes nas negociações agrícolas de Doha, suspensas desde 2008, alçando o Brasil com um dos líderes dos emergentes. “Antes eram os ricos que sentavam e ditavam as regras, depois chamavam os outros para concordar. O G20 começou questionar isso e propor outra forma de articulação.”
Na eleição contra o mexicano Hermínio Blanco, o Brasil não obteve o apoio de diversos países desenvolvidos. A União Europeia e a Croácia, que somam 28 votos, por exemplo, se opuseram a Azevedo. Eles alegam que o Brasil tem adotado uma posição protecionista em meio à crise internacional.
Críticas rebatidas pelo Ministério de Relações Internacionais, para quem o País segue as normas do comércio internacional. “Estamos em um contexto de crise com diferentes estratégias, o que gera mais sensibilidade por outras políticas”, diz Daniela Arruda Benjamim, chefe da Coordenação-Geral de Contenciosos do Itamaraty. “O governo vem promovendo mudanças para melhorar a vida da população. Os acordos da OMC não devem proibir isso, pois a entidade tem como objetivo o desenvolvimento.”
Romano também refuta as críticas de protecionismo e ressalta que a OMC possui um fórum de soluções de controvérsias no qual é pouco acionado. “O Brasil não é um protecionista, ainda mais se analisar a proteção a produtos agrícolas nos Estados Unidos e na União Europeia com subsídios.”
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