Sociedade

Yanomamis denunciam novo ataque de garimpeiros a aldeia em Roraima

Bombas de gás e tiros foram registrados na comunidade Palimiú, que sofreu ataques há uma semana. Liderança pede presença do Exército

(Foto: Reprodução/Facebook Hutukara Associação Yanomami)
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Um grupo de garimpeiros realizou um novo ataque à comunidade de Palimiú (RR), na Terra Indígena Yanomami, na noite deste domingo 16, denunciou a Hutukara Associação Yanomami por meio de ofício enviado às autoridades.

Segundo Dário Kopenawa, presidente da Associação, os yanomami registraram cerca de 15 barcos com garimpeiros que, “além dos tiros”, estariam atirando bombas de efeito moral em direção à comunidade. “Os Yanomami disseram […] que havia muita fumaça e que os seus olhos estavam ardendo. Estavam muito aflitos e gritavam de preocupação no telefone”, descreveu Dario.

No novo ofício enviado ao MPF, à Polícia Federal, ao Exército e e à Funai, Dário Kopenawa cobra ações imediatas nas imediações da comunidade. “Reiteramos o pedido aos órgãos que atuem com urgência dentro de seu dever legal para impedir a continuidade da espiral de violência no local e garantir a segurança para a comunidade Yanomami de Palimiú, antes que conflitos de mais grave natureza ocorram”.

O ataque acontece dias depois de uma investida dos garimpeiros à região na segunda-feira 10. Em decorrência do ataque, duas crianças Yanomami de 1 e 5 anos foram encontradas mortas dois dias depois, afirmou a Associação, porque se dispersaram na floresta para fugir das balas e acabaram se perdendo dos demais.

A Polícia Federal e o Ministério Público Federal investigam ações da facção paulista PCC e de outro grupo criminoso venezuelano na região dos garimpos do Rio Uraricoera, que margeia a comunidade de Palimiú.

A Justiça Federal determinou que a União mantenha efetivo armado de forma permanente na comunidade Palimiú,  para evitar novos conflitos e garantir a segurança de seus integrantes. A Polícia Federal afirmou que uma equipe de policiais estaria no local desde quinta-feira 13, cumprindo a decisão, junto a integrantes do Exército e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

No entanto, em entrevista no mesmo dia ao portal Amazônia Real, Kopenawa afirmou que homens do Exército e da Polícia Federal visitaram a aldeia para tomar depoimentos de seis indígenas e de um missionário, mas que, depois disso, não houve mais contato.

 

“A Polícia Federal, o Exército foram lá e ficaram mais ou menos uma hora, duas horas e depois voltaram. Agora não tem mais ninguém lá. A lancha dos garimpeiros continuam lá passando pela frente da aldeia, todo dia; de manhã e à tarde, e a noite também”, completou Dário.

O presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, reafirmou que a população está ainda mais assustada do que antes e que tanto o governo federal e quanto o estadual “não mandaram forças policiais” para patrulha na região.

Hekurari também apontou que o gás das bombas caseiras, como foram descritas, causou irritação ainda maior nas crianças da comunidade. Não houve casos de ferimentos mais graves.

[O governo federal e estadual] estão muito omissos nisso. O povo yanomami está com medo, não estão conseguindo dormir. É muito revoltante isso”, afirmou. “Precisamos forças o governo federal a fazer uma intervenção imediata nessas comunidades”.

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