Sociedade

Trabalho informal cai em meio à pandemia, aponta IBGE

Índice não é positivo porque a informalidade ‘funciona como um colchão amortecedor’ para quem fica sem renda, explica pesquisa

Foto: Christiano Antonucci/Secom-MT (Fotos: Christiano Antonucci/Secom-MT)
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Uma pesquisa feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que o Brasil viu a redução de ao menos 870 mil postos de trabalho informais ao longo do mês de maio, índice que preocupa analistas já que modalidade é vista como um “colchão amortecedor” para trabalhadores afetados pela crise do coronavírus.

Os dados foram divulgados nesta terça-feira 16 e são os primeiros resultados da PNAD COVID-19, uma versão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua) para “identificar os impactos da pandemia no mercado de trabalho e para quantificar as pessoas com sintomas associados à síndrome gripal”, explica o instituto, que faz o levantamento em parceria com o Ministério da Saúde.

O IBGE realizou as entrevistas entre os dias 03 e 30 de maio, todas por telefone devido às medidas de distanciamento social. Pouco mais de dois mil agentes do instituto estão ligando para 193,6 mil domicílios distribuídos em 3.364 municípios de todos os estados do país. Em maio, foram realizadas mais de 48 mil entrevistas por semana.

A pesquisa registrou que, no começo do mês, o Brasil tinha 29,1 milhões de trabalhadores na informalidade – classificados como aqueles que atuam no setor privado ou em serviço doméstico sem carteira assinada,  quem não contribuem para o INSS e que realizam serviços domésticos de cuidado não remunerado.

No final do levantamento, porém, o índice de informalidade recuou com a redução de 870 mil postos de trabalho. Para o o diretor adjunto de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, o cenário é preocupante, já que o trabalho informal “funciona como um colchão amortecedor para as pessoas que vão para a desocupação ou para a subutilização.”, diz.

“O trabalho informal seria uma forma de resgate do emprego, portanto não podemos dizer que essa queda é positiva”, afirma, e complementa que é necessário aguardar os próximos resultados para avaliar com mais precisão o impacto da pandemia nesse grupo.

Entre as 74,6 milhões de pessoas que estavam fora da força de trabalho – ou seja, que não estava trabalhando nem na procura -, 23,7% gostariam de trabalhar, mas não buscaram trabalho devido à pandemia ou por falta de oportunidade no local onde vivem.

“Em maio, o IBGE estima que 84,4 milhões de pessoas estavam ocupadas no país, embora 169,9 milhões estivessem em idade para trabalhar. Isso significa que menos da metade (49,7%) estava trabalhando no mês passado.”, aponta a pesquisa.

Isolamento pode ter influenciado em número de doentes

A pesquisa também realizou questionamentos sobre a utilização de serviços de saúde caso o entrevistado tivesse sentido, ao longo dos últimos dias, qualquer sintoma relacionado à covid-19, que tem sinais semelhantes a quadros gripais no começo da infecção.

Entre a primeira e quarta semana de maio, caiu de 26,8 milhões para 22,1 milhões o número de pessoas que relataram sinais de gripe, além de também ter diminuído a frequência de todos os sintomas nesse período. Para a coordenadora de Trabalho e Rendimento, Maria Lucia Vieira, é possível que esses dados sejam positivos em relação ao isolamento social.

“Quando a gente conseguir uma série maior, com resultados de sintomas e atendimento médico por sexo e faixa de idade, inclusive com informações por estado, será possível um melhor mapeamento. Além disso, a pesquisa ajudará a conhecer os setores do mercado de trabalho mais afetados e que poderão ser favorecidos por políticas públicas”, disse Maria Lucia.

A PNAD COVID-19 mostra que 3,6 milhões de pessoas com sintomas de gripe procuraram atendimento médico em unidades da rede pública e privada de saúde no país – mais de 80% desses atendimentos foram na rede pública de saúde, com preferência às UBS (Unidade Básica de Saúde) e aos postos de atendimento básico.

*Com informações da Agência IBGE

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