Educação

Massacre de Suzano é o oitavo em escolas do Brasil desde 2002

Ataque anterior aconteceu em 2017, em um colégio de Goiânia. Atirador disse ter se inspirado no caso de Realengo

Último ataque em escola aconteceu em 2017, em um colégio de Goiânia. Atirador disse ter se inspirado no caso de Realengo.
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O ataque a tiros ocorrido na manhã desta quarta-feira 13 na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo, é o oitavo em escolas brasileiras desde 2002. E o segundo em número de vítimas, dez ao todo, sendo sete ligadas diretamente à instituição escolar – o episódio só não supera o massacre em Realengo, em 2011, que levou a óbito 11 estudantes.

Cinco estudantes da escola morreram, todos do Ensino Médio: Pablo Henrique Rodrigues, Cleiton Antônio Ribeiro, Caio Oliveira, Samuel Melchiades Silva de Oliveira, todos mortos na escola, e Douglas Murilo Celestino, que faleceu dentro de uma unidade do Samu, a caminho do hospital.

Também foram vítimas duas funcionárias da instituição: Marilena Ferreira Vieira Umezo, coordenadora pedagógica, a primeira a ser vitimada pelos atiradores e Eliana Regina de Oliveira Xavier, agente de organização escolar.

Os atiradores também morreram: Guilherme Taucci Monteiro, 17 anos, e Luiz de Castro, 25, ambos ex-alunos da unidade, cometeram suicídio após o ataque. Outra vítima é o comerciante Jorge Antônio de Moraes, tio de Guilherme, alvejado por três tiros em seu estabelecimento.

O episódio em Suzano é infelizmente, um entre outros ataques em escolas brasileiras – diferentemente do que afirmou o vice-presidente Hamilton Mourão, “de que essas  coisas não aconteciam no Brasil”. O caso anterior mais recente foi em 2017, em Goiânia, no Colégio Goyases, quando um aluno de 14 anos portando uma pistola de uso restrito da Polícia Militar abriu fogo contra a escola, deixando dois adolescentes mortos, quatro feridos e uma jovem paraplégica. À época, o garoto afirmou que se inspirou no massacre de Realengo, ocorrido em 2011. Relembre os casos:

Salvador

Em 2002, um jovem de 17 anos matou duas colegas dentro da sala do colégio particular Sigma, na orla de Salvador, na Bahia, e foi preso em flagrante. À época, a delegada encarregada do caso afirmou que o revólver calibre 38 utilizado pelo garoto pertencia ao pai, que era perito policial.

Leia também: Sobe para 10 o número de mortos em escola de Suzano

Taiúva

Em janeiro de 2003, em Taiúva (a 363 km de São Paulo), um ex-aluno da escola estadual Coronel Benedito Ortiz, Edmar Aparecido Freitas, 18 anos, invadiu o pátio da instituição, atirou em alunos, professores e funcionários e depois se matou. Oito pessoas ficaram feridas, uma pessoa morreu e um aluno ficou paraplégico após cerca de 15 disparos realizados com um revólver calibre 38.

Realengo

Em 2011, um ex-aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro de Realengo (RJ), Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, entrou na unidade e abriu fogo contra salas de aula lotadas, vitimando 12 estudantes e deixando outros 13 feridos. Wellington chegou a ser atingido por um policial e se suicidou após a ação.

Corrente

Em abril de 2011, um adolescente de 14 anos que se dizia vítima de bullying matou um colega com golpes de faca no interior do Piauí. O caso ocorreu na zona rural da cidade de Corrente, no extremo sul do Estado.

Leia também: Discurso pró-arma é gatilho para tragédias como a de Suzano, dizem especialistas

São Caetano do Sul

Em setembro de 2011, em São Caetano do Sul (Grande São Paulo), um aluno de 10 anos de idade atirou na professora Rosileide Queiros de Oliveira, 38, e depois se matou na escola Professora Alcina Dantas Feijão. Ele usou um revólver calibre 38 do pai, que era guarda civil.

João Pessoa

Em abril de 2012, um adolescente de 16 anos atirou em outras três alunas na escola estadual de Santa Rita (região metropolitana de João Pessoa, na Paraíba). Ele efetuou seis disparos com um revólver calibre 38. As adolescentes de 17 anos tiveram alta nos dias seguintes ao ataque.

Dois anos depois, no bairro de Mandacaru, na periferia de João Pessoa, um adolescente de 15 anos deu três tiros na barriga da estudante Maria Beatriz Souza Santana, 14, que havia sido sua namorada. O ataque aconteceu dentro da sala de aula da escola municipal Violeta Formiga.

Goiânia

Em 2017, um estudante de 14 anos abriu fogo contra a comunidade escolar do Colégio Goyases, em Goiânia. O ataque, feito com uma pistola de uso restrito da Polícia Militar, deixou dois adolescentes mortos, quatro feridos e uma jovem paraplégica. À época, em depoimento à Polícia Civil, o atirador afirmou vingar-se do bullying praticado por colegas e admitiu ter se inspirado no massacre de Realengo, em 2001, quando um ex-aluno armado com dois revólveres executou 12 jovens em uma escola carioca, e o morticínio em Columbine, nos Estados Unidos, com 12 alunos e um professor assassinados em 1999.

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