Sociedade
Fome atingiu 19 milhões de brasileiros em 2020, aponta pesquisa
Cenário de insegurança alimentar atingiu com mais força lares liderados por mulheres negras e reflete redução de auxílio emergencial
A fome atingiu 19 milhões de brasileiros em 2020. A parcela faz parte de 116,8 milhões de pessoas que conviveram com algum grau de insegurança alimentar, o que representa 55,2% dos lares do País.
Os dados constam o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no contexto da pandemia de Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan).
Realizada de 5 a 24 de dezembro, a pesquisa consultou 2.180 domicílios brasileiros e procurou aferir a situação dos três meses anteriores ao período em que foi coletada.
A aplicação dos questionários também coincidiu com o momento da redução do auxílio emergencial, de 600 para reais 300 e de 1200 para 600, quando a pessoa de referência era uma mãe solo.
Entre os lares que receberam o novo valor de auxílio, 28% passaram por insegurança alimentar grave ou moderada, ou seja, passaram fome; 37,6% vivenciou a insegurança alimentar de maneira leve. Já entre os que não necessitam da renda emergencial, 10,2% passaram por insegurança alimentar grave ou moderada e 60,3% viveram em segurança alimentar.
A fome também atingiu 11,1% dos lares chefiados por mulheres. Entre lares chefiados por homens a taxa cai para 7,7%. 35,9% dos lares chefiados por mães solo vivenciaram segurança alimentar; nos lares chefiados por homens a segurança vai a mais que a metade, 52,5%.
Também pesa sobre a fome o fator raça. O estudo identificou que quando a pessoa de referência é negra a taxa de insegurança alimentar alcança 10,7% das casas; o número vai a 7,5% quando se trata de lares de pessoas brancas.
Não ficam de fora do levantamento as desigualdades regionais. A pesquisa aferiu que no Norte 18,1% das famílias passavam fome. No Nordeste a taxa era de 13,8%. Na macrorregião Sul e Sudeste os percentuais foram de 6%. No Centro-Oeste de 6,9%.
O cenário também foi mais expressivo entre os domicílios rurais (12,5%) do que os das áreas urbanas (8,5%).
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