Sociedade

Crianças indígenas são ‘sugadas’ por maquinário de garimpo ilegal em Roraima, denunciam Yanomamis

Os dois meninos, de 5 e 7 anos, estavam brincando no rio, próximas a uma balsa no garimpo ilegal; um morreu e outra segue desaparecido

CERIMÔNIA YANOMAMI EM RORAIMA, EM 2015. POVOS TRANSFRONTEIRIÇOS SEGUEM AMEAÇADOS
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Duas crianças Yanomami da comunidade indígena Makuxi Yano, em Roraima, morreram depois de terem sido dragadas por por uma balsa de garimpo ilegal no rio Parima, no Norte do estado.

O caso ocorreu no final da tarde da terça-feira 12. Em nota, a associação Hutukara, que representa o povo Yanomami, informou que os garotos brincavam no rio, perto da balsa quanto teriam sido “sugados e cuspidos” para o meio do rio e levados pela correnteza. Um deles, de 5 anos, morreu e teve o corpo encontrado nesta quarta. O outro, de 7, segue desaparecido.

Segundo o relato de lideranças locais ao Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY), ligado ao Ministério da Saúde, as máquinas ficam na beira do rio, e as crianças foram jogadas na água após acionarem “algum objeto”.

O Corpo de Bombeiros de Roraima foram acionados para trabalhar na busca da criança desaparecida. 

A ameaça do garimpo

A Terra Indígena Yanomami ocupa cerca de 96.650 km² nos estados de Roraima e Amazonas, uma área um pouco maior do que a de Portugal e pouco menor do que a do estado de Pernambuco. Alvo frequente de investidas de milhares de garimpeiros e grileiros, a região é palco de conflitos e ataques violentos.

Em julho, o indígena Edgar Yanomami, de 25 anos, morreu após ser atropelado por um avião de garimpeiros na comunidade Homoxi. Naquele mesmo mês, garimpeiros afundaram uma canoa com crianças e jovens indígenas na região de Palimiú.

Na nota, o líder indígena Dário Kopenawa Yanomami, vice-presidente da Hutukara, atribui o caso das duas crianças Makuxi Yano também à ação do garimpo. “A morte de duas crianças Yanomami é mais um triste resultado da presença ilegal do garimpo na Terra Indígena Yanomami, que segue invadida por mais de 20 mil garimpeiros.”

“Somente na região do Parima, onde está localizada a comunidade de Macuxi Yano e uma das mais afetadas pela atividade ilegal, foi atingido um total de 118,96 hectares de floresta degradada, um aumento de 53% sobre dezembro de 2020. Além das regiões já altamente impactadas, como Waikás, Aracaçá, e Kayanau, o garimpo avança sobre novas regiões: em Xitei e Homoxi, a atividade teve um aumento de 1000% entre dezembro passado e setembro deste ano.”

 

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