Sociedade

Centrais sindicais fecham acordo com a Venezuela para levar oxigênio a Manaus

Sindicalistas devem ajudar no transporte do insumo; expectativa é viabilizar 80 mil metros cúbicos semanais

Sindicalistas se reuniram com o chanceler venezuelano Jorge Arreaza para tratar sobre transporte de oxigênio à Venezuela. Foto: CUT
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As centrais sindicais anunciaram, nesta quarta-feira 20, um acordo com o governo da Venezuela para fornecer oxigênio a Manaus, após colapso na saúde provocado pela segunda onda da Covid-19. Em nota, as entidades informaram que farão a captação, o transporte e a distribuição de 80 mil metros cúbicos de oxigênio por semana à capital do Amazonas.

 

O governo de Nicolás Maduro se dispôs a ajudar a cidade brasileira depois que a fornecedora White Martins informou que tentaria importar oxigênio da república bolivariana. A empresa declarou estado de “crise sem precedentes” na produção do insumo: com capacidade para gerar apenas 28 mil metros cúbicos diários de oxigênio, a companhia viu a demanda aumentar para 70 mil metros cúbicos.

Um comboio de oxigênio deve chegar ao Brasil na semana que vem, a partir do auxílio logístico de seis centrais: a Central Única dos Trabalhadores, a Força Sindical, a Central dos Trabalhadores do Brasil, a Central dos Sindicatos Brasileiros, a Nova Central e a União Geral dos Trabalhadores. A ação faz parte de uma campanha de solidariedade encampada pelas organizações durante a pandemia do novo coronavírus.

As conversas com a Venezuela começaram na semana passada, por iniciativa das centrais. Duas reuniões foram realizadas: na noite de terça-feira 19, com o chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, e na manhã de quarta-feira 20, com o vice-ministro Carlos Ron e o presidente da produtora de oxigênio na Venezuela, Pedro Maldonado.

As entidades ainda articulam a disponibilidade de caminhões e de mão de obra. Os números serão decididos em novas reuniões, que ainda não têm datas previstas. Há o plano de incluir nessa iniciativa conversas com o governo do Amazonas, a prefeitura de Manaus e sindicatos da região.

Miguel Torres, presidente da Força Sindical, diz que as centrais podem viabilizar os veículos para transporte e ajudar a montar as frotas com pneus e peças de máquinas. A expectativa, segundo ele, é de que o custo do oxigênio seja 20% do que é cobrado normalmente. O pagamento deve vir das centrais, em primeira hora.

“Eles têm problemas muito sérios por causa dos embargos, mas se puseram à disposição”, disse o sindicalista. “É uma questão humanitária.”

Segundo Adilson Araújo, presidente da CTB, o contato das centrais com o governo venezuelano vem de longa data, devido aos bloqueios econômicos impostos ao país vizinho pelos Estados Unidos. Foi a partir de um diálogo já consolidado que as entidades puderam costurar o acordo, diz ele.

“As centrais vêm manifestando sempre a sua solidariedade com a defesa do direito à autodeterminação dos povos, contra a ingerência norte-americana, as tentativas de golpe e os movimentos de não-reconhecimento de resultados eleitorais na Venezuela, ainda que fossem monitorados”, afirma Araújo.

Em nota, o presidente da CUT, Sérgio Nobre, disse que o acordo mostra que as centrais sabem “agir frente a um governo federal incompetente e criminoso, para salvar vidas dos trabalhadores”.

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