Sociedade

Cacique Raoni aconselha Biden a ignorar Bolsonaro: ‘Tem dito muitas mentiras’

Em vídeo, líder kayapó convida Biden a conhecer as demandas indígenas e diz que ‘não aceita’ madeireiros e garimpeiros

Cacique Raoni. Foto: Fabio Rodrigures Pozzebom/Agência Brasil
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“Tenho lutado pela permanência dessa floresta desde sempre, para que seja intacta, tenho falado isso desde jovem e os presidentes anteriores sempre me escutaram. Somente esse é contra mim. Estou falando para o senhor, espero que me escute: se esse presidente falar alguma coisa para o senhor, ignore-o, diga que Raoni já falou comigo para ver se ele toma jeito.”

Esse é um trecho de um discurso do Cacique Raoni Metuktire, uma das maiores lideranças indígenas do Brasil, direcionado ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, às vésperas de uma cúpula climática organizada pelo americano que pode desembocar em acordos financeiros para a pasta de Meio Ambiente.

Preocupado com o cenário, Raoni, que diz-se “muito doente e triste” com a situação, resolveu gravar o vídeo para ser exibido no Fórum Nacional em Defesa da Amazônia no Congresso Nacional, que teve início nesta sexta-feira 15.

O movimento soma-se a outras manifestações de ambientalistas e até de senadores do Congresso americano para questionar a equipe de Biden sobre as reais intenções e negociações em voga. “A mensagem foi provocada pela preocupação do presidente Biden avançar em um acordo EUA x BR com foco na Amazônia, sem escutar os povos da Amazônia.”, afirma uma publicação feita pelo Instituto Raoni nas redes sociais.

“O presidente desse país tem dito muitas mentiras. Ouça-me. Eu não aceito madeireiros dentro da minha terra, e nem garimpeiros. Quero floresta em pé para que mantenha os animais alimentados”, diz Raoni.

Em seguida, a liderança kayapó afirma que Bolsonaro incentiva o desmatamento e invasões de terras, e convida Biden para ouvir as prioridades dos povos indígenas.

 

“Quero nossos rios limpos e sem barragem, e que a floresta permaneça em pé, é para que meus netos e bisnetos possam viver nela que eu estou pedindo. Essas minhas palavras são para termos paz e harmonia. Para quê nos odiarmos tanto por terra e floresta? Não tem que ser assim”, afirma. “Entenda o meu pensamento, me ajude e eu também vou te ajudar para que possamos conseguir coisas boas, para as pessoas reconhecerem os frutos do nosso trabalho.”

Como escopo para apresentar na conferência, o Brasil sustenta os piores índices de desmatamento na Amazônia dos últimos anos após a eleição de Jair Bolsonaro, a menor proposta de verba para o Ibama nos últimos 20 anos e uma série de ataques verbais e institucionais aos povos indígenas do País, que veem a sombra da legalização da mineração em terras protegidas voltando a pairar em Brasília.

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