Política

Pazuello é alvo de requerimento na Câmara por ‘lobby da cloroquina’

A partir do recebimento do requerimento, ministro da Saúde tem 30 dias para responder questionamentos sobre o medicamento sem eficácia

Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Foto: Nelson Almeida/AFP
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Enquanto o Brasil sofre sem vacinas, o presidente Jair Bolsonaro, via Ministério da Saúde, entope o País com o chamado “kit covid”: cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina.

Mesmo sob seis frentes de investigação, o ministro da Saúde, Eduardo Pazzuelo, abriu nova licitação para a compra de novos medicamentos e, a mando de Bolsonaro, colocou cinco ministérios e o Exército para operarem durante a pandemia o “tratamento precoce”.

Agora, vem à tona empréstimos da ordem de 20 milhões de reais do BNDES à empresa Apsen, a que mais lucrou com cloroquina ao longo de um ano de pandemia. O proprietário, Renato Spallicci, é bolsonarista e negacionista convicto e foi um dos que mais lucraram com a campanha pró-medicamento do Governo Federal.

O ministro da Saúde, que é alvo do TCU, da PGR e do MPF, agora tem um pedido de informações feito na Câmara dos Deputados para detalhar o “lobby da cloroquina”. A partir do recebimento do requerimento, Pazuello tem 30 dias para responder.

Dentre os pedidos de informações, estão a distribuição por estado e município do “kit Covid”. A Manaus (AM), por exemplo, foram enviados 120 mil comprimidos quando estourou a crise da falta de oxigênio.

Além disso, a Aeronáutica também teria sido mobilizada para difundir o chamado “tratamento precoce”, segundo queixa-crime enviada pelo STF à PGR. Até novembro, haviam sido distribuídos 6 milhões de comprimidos via governo.

No pedido de informações de autoria do deputado federal Rogério Correia (PT-MG), Pazzuelo também é questionado sobre o destino dos dois milhões de comprimidos de cloroquina enviados pelos Estados Unidos. Vale lembrar que o laboratório Sanofi Aventis – o único internacional autorizado pela Anvisa a vender cloroquina no Brasil – tem como sócio o ídolo de Bolsonaro Trump.

“Apresentei o requerimento, pois precisamos saber quem é que está ganhando dinheiro com essa fabricação absurda de cloroquina. Já vieram à tona informações de farmacêuticas vinculadas ou cujos empresários são amigos do presidente. Milhões de reais estão indo pelo ralo e que não ajudam em nada o combate à Covid”, afirmou Correia.

O parlamentar também é autor do pedido de CPI da Cloroquina na Câmara dos Deputados, que conta com mais de 60 assinaturas.

Todas as informações que vieram à tona até agora foram, principalmente, via Lei de Acesso à Informação, uma vez que o governo federal não explica e não esclarece o tamanho interesse e o real gasto de dinheiro público com o “kit Covid”.

Lobby da cloroquina

Como trouxe CartaCapital na edição de sexta-feira, quatro empresas têm permissão para produzir e vender cloroquina no Brasil.

Dentre elas, a Apsen, que produz o Requinol, cuja caixa ficou famosa após Bolsonaro mostrá-la a uma ema no Planalto.

O empresário Renato Spallicci fez campanha para o presidente e é um negacionista convicto nas redes sociais.  Das empresas que mais lucraram com a ofensiva do “kit Covid”, essa foi que mais lucrou.

Dados do Sindusfarma apontam que as empresas lucraram em média 500 milhões de reais a mais nas vendas de varejo.

Do total, a que teve maior crescimento foi a Apsen, com 85% de vendas sobre o volume total de 2020. A receita da empresa passou de 1 bilhão de reais naquele ano. Agora, segundo informações da Folha de S.Paulo, vem à tona empréstimos da ordem de 20 milhões de reais pelo BNDES, número seis vezes maior que os feitos à empresa em anos anteriores à pandemia.

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