Saúde

O que é lockdown? Entenda um dos principais meios de combate à covid-19

Medida foi adotada por diferentes países para deter a proliferação do novo coronavírus

O lockdown foi adotado no estado do Pará, para reduzir a disseminação do novo coronavírus. Foto: Marcelo Seabra/Agência Pará
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Uma expressão em inglês dá nome a uma das principais formas de combate ao novo coronavírus no mundo: lockdown. Mas, no Brasil, a palavra estrangeira ainda pode causar dúvidas sobre seu significado.

A seguir, CartaCapital reuniu definições do termo a partir de instituições científicas. Confira:

O que quer dizer lockdown

O termo lockdown carrega a palavra “lock”, que, como verbo, é usada como “trancar”, “travar” ou “bloquear”. Segundo definição do Cambridge Dictionary, lockdown é uma “situação em que as pessoas não podem entrar ou sair livremente de um prédio ou área por causa de uma emergência”.

A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) diz que lockdown, em inglês, refere-se ao sistema de quarentena. De acordo com a instituição, o lockdown é a paralisação especialmente dos fluxos de deslocamento, com uso da força do estado. A ideia é interromper o fluxo, evitar que as pessoas se desloquem e, portanto, se encontrem.

A Unifesp observa que toda quarentena é um lockdown, mas nem todo lockdown é uma quarentena. “Quarentena é aplicada à área de saúde. Lockdowns são mais gerais, por exemplo, pessoas não se deslocam devido a algum desastre natural”, diz a universidade.

O que é lockdown vertical

O termo “lockdown vertical” já foi reproduzido, por exemplo, pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), mas o termo não é adotado com frequência.

Usualmente, o termo “lockdown vertical” se refere ao distanciamento social seletivo, também chamado de “isolamento vertical”. Segundo o Ministério da Saúde, trata-se de uma estratégia em que apenas alguns grupos ficam isolados. São pessoas com maior risco de desenvolver a doença, como idosos, pessoas com doenças crônicas (diabetes e cardiopatias, por exemplo) e pessoas com condições de risco, como obesidade e gestação de risco. Pessoas abaixo de 60 anos podem circular livremente.

O distanciamento social ampliado é uma estratégia não limitada a grupos específicos, exigindo que todos os setores da sociedade permaneçam na residência durante a decretação da medida pelos gestores locais.

Por último, o Ministério da Saúde classifica o termo lockdown como “o nível mais alto de segurança”, acima do distanciamento social seletivo e ampliado. Durante o lockdown, “todas as entradas do perímetro são bloqueadas por profissionais de segurança, e ninguém tem permissão de entrar ou sair do perímetro isolado”.

 

Lockdown no Brasil/Lockdown no mundo

Em 23 de janeiro deste ano, o jornal britânico The Guardian reportava o decreto de lockdown do governo da China em Wuhan, capital da província de Hubei. Segundo o veículo, as autoridades proibiram todas as ligações de transporte da cidade, suspenderam ônibus, sistema de metrô, balsas e fecharam aeroportos e estações de trem.

Dois meses depois, em 30 de março, a instituição britânica Imperial College London mostrava que o lockdown já havia sido adotado em diversos países, como Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Noruega, Espanha, Suíça e Reino Unido. No entanto, os pesquisadores identificaram diferenças entre cada país.

A Dinamarca proibiu reuniões em público com mais de 10 pessoas, enquanto a Áustria e a Suíça vedaram encontros com mais de 5 pessoas e a Alemanha limitou a 2 pessoas, com distância de 1,5 metro. O Reino Unido proibiu reuniões públicas de mais de 2 pessoas não pertencentes à mesma família. Já a França exigiu uma autorização formal para as pessoas saírem de casa.

No Brasil, o primeiro lockdown ocorreu em quatro municípios do estado do Maranhão, por ordem da Justiça. A medida entrou em vigor em 5 de maio, com validade por dez dias, com prorrogação.

Ficaram suspensas todas as atividades não-essenciais à manutenção da vida e da saúde, exceto serviços de alimentação, farmácias, postos e indústrias que trabalham em turnos de 24 horas. Veículos ficaram proibidos de entrar e sair da Ilha de São Luís, menos os que prestam serviços essenciais. Só pode sair de casa quem tem extrema necessidade. Quem não consegue se explicar, recebe multa e volta ao isolamento. Depois do Maranhão, houve lockdown em cidades do Ceará, Pará, Bahia e Rio de Janeiro.

Wuhan teve sucesso na adoção do lockdown, mas cidadãos ainda circulam com máscaras. Foto: Hector Retamal/AFP

 

O que é lockdown

Por princípio, o lockdown consiste no tipo mais restrito de isolamento, em que a população só é autorizada a sair de casa para serviços essenciais, estando sujeita à força policial em caso de descumprimento da restrição.

Diante das diferenças na prática em cada país, o entendimento sobre o lockdown varia não apenas de acordo com as medidas adotadas, mas também com o objetivo determinado. O infectologista Renato Camargos Couto, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), cita a Alemanha e principalmente a China e a Nova Zelândia como casos de sucesso, porque a estratégia do lockdown nesses locais não foi achatar a curva de infecções, mas sim acabar com a doença, optando pelo isolamento completo.

Em todo caso, a restrição da circulação deve vir acompanhada de ações conjuntas. Ao recomendar a adoção do lockdown para o estado do Rio de Janeiro, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) reforça, em relatório, a importância da aplicação de “medidas de apoio econômico e social às populações vulnerávels, particularmente as que dependem de trabalho informal ou precário, bem como suporte a pequenas empresas que geram empregos e podem sofrer grande impacto da pandemia”.

Segundo o Ministério da Saúde, a principal desvantagem do lockdown é o alto custo econômico. No entanto, suas vantagens são a eficácia para a redução da curva de casos e o ganho de tempo para a reorganização do sistema de saúde, em situação de aceleração descontrolada de casos e óbitos. “Os países que implementaram conseguiram sair mais rápido do momento mais crítico”, diz a pasta.

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