Saúde
Mulheres foram afetadas de forma ‘desproporcional’ pela Covid-19 nas Américas, diz Opas
Foram registrados nas Américas mais de 365 mil casos de Covid-19 em gestantes, dos quais mais de 3 mil morreram
A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) informou nesta quarta-feira 2 um impacto “desproporcional” da Covid-19 sobre as mulheres nas Américas, apontou para um aumento da mortalidade materna e pediu a vacinação das mulheres grávidas.
“Em uma região repleta de desigualdades, as mulheres foram mais uma vez afetadas de forma desproporcional”, disse a diretora da Opas, Carissa Etienne, em coletiva de imprensa.
A pandemia de Covid-19 não apenas prejudicou as mulheres no trabalho e aumentou a violência contra elas – com um aumento de até 40% nas chamadas recebidas por linhas de socorro em alguns países –, mas também desferiu um golpe “significativo” em sua saúde.
“Os dados de toda a região deixaram bem claro que a Covid-19 teve um impacto impressionante na mortalidade materna”, afirmou Etienne.
Desde o início da pandemia, há dois anos, foram registrados nas Américas mais de 365 mil casos de Covid-19 em gestantes, dos quais mais de 3 mil morreram, segundo dados da Opas.
Etienne destacou em particular um grande crescimento na mortalidade de mulheres grávidas nos Estados Unidos a partir de agosto de 2021, quando a variante delta se tornou dominante, com o maior número de casos entre mulheres hispânicas e brancas não hispânicas.
Um estudo da Opas em oito países americanos mostrou que uma em cada três gestantes que necessitaram de cuidados intensivos não os recebeu a tempo, quase 77% deram à luz prematuramente e quase 60% desses bebês nasceram abaixo do peso.
“É uma tragédia”, declarou Etienne, enfatizando que a aceitação da vacina anticovid entre as mulheres grávidas “ainda é muito baixa” nas Américas.
A Opas, escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS), pede que todas as mulheres em idade reprodutiva, incluindo gestantes e lactantes, sejam vacinadas contra a Covid-19.
“As taxas de morbidade e mortalidade da Covid-19 entre mulheres grávidas são significativamente mais altas nas Américas em comparação com outras regiões, o que indica que os benefícios da vacinação superam em muito os riscos”, disse Etienne.
Evidências mostraram que mulheres com Covid-19 durante a gravidez são mais propensas a ter parto prematuro e a morte do feto do que mulheres não infectadas com o vírus.
“As mulheres grávidas devem ser vacinadas após o primeiro trimestre”, frisou.
Etienne também pediu que as mulheres tenham “voz e voto” na recuperação da pandemia, um âmbito em que considera “chave” a liderança feminina.
“Nas Américas, as mulheres representam apenas 30% dos especialistas que moldam as estratégias nacionais de combate à Covid-19, mas mais de 70% dos nossos profissionais de saúde da linha de frente são mulheres”, observou.
Um minuto, por favor…
O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.
Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.
Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.
Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.
Assine a edição semanal da revista;
Ou contribua, com o quanto puder.