Política

Governo Bolsonaro foi alertado sobre a situação Yanomami

Os documentos foram enviados ao Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos e ao Ministério do Desenvolvimento Regional

Vista aérea de uma parte da Terra Indígena Yanomami. Foto: Michael Dantas/AFP
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O governo de Jair Bolsonaro (PL) recebeu ofícios encaminhados em 2021 com pedidos para que fossem realizadas ações humanitárias de apoio à Terra Indígena Yanomami.

Os documentos foram enviados ao Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos e ao Ministério do Desenvolvimento Regional, à época sob a liderança de Damares Alves e Rogério Marinho, respectivamente. As informações são da Agência Brasil, que publicou os ofícios nesta quinta-feira 2.

“O governo estadual pediu o apoio federal para que pudéssemos reforçar a ação humanitária em comunidades indígenas isoladas pelas chuvas intensas de 2021 e também às da área yanomami”, relatou à reportagem o coordenador da Defesa Civil de Roraima, coronel Cleudiomar Alves Ferreira.

Nos ofícios, o órgão pedia 8 mil cestas básicas, além das que receberia, para distribuir a famílias de cidades que decretaram situação de emergência devido às consequências das chuvas “atípicas” de 2021. A ideia seria entregar as cestas adicionais a comunidades indígenas de diversas localidades, entre elas as yanomamis.

“O ministério [da Mulher, Família e dos Direitos Humanos] respondeu que não tinha como nos ajudar. Informou que tinha direcionado nossos pedidos ao Ministério da Defesa, à Funai e a outros órgãos. Depois, nos disse que a fundação indígena atenderia aos índios isolados de todo o estado, distribuindo cerca de 70 mil cestas de alimentos a pouco mais de 11,6 mil famílias”, prosseguiu Ferreira.

Segundo ele, não é possível dizer “o que aconteceu depois”. Ele avalia, porém, que se a Defesa Civil tivesse recebido o apoio solicitado e se a ajuda humanitária tivesse sido realizada em caráter emergencial, “teríamos conseguido atender também aos yanomamis, o que não conseguimos fazer devido, principalmente, à falta de apoio logístico”.

A pasta então comandada por Damares Alves ainda associou a situação de emergência decretada à época em nove municípios à “alta pluviometria”.

Nesta quinta 2, em mensagem encaminhada ao Congresso, o presidente Lula (PT) solicitou que sejam tomadas medidas drásticas contra o que chamou de ‘genocídio’ contra os yanomamis. O petista defendeu ações que vão além do atendimento médico de urgência e do combate à desnutrição.

A assessoria de Damares Alves afirmou à Agência Brasil que a pasta fez exatamente o que lhe cabia fazer: pedir auxílio às instâncias do governo federal responsáveis por prestar a ajuda solicitada pela gestão estadual.

O que diz a Defesa Civil

Após a publicação desta matéria, em nota, a Defesa Civil de Roraima disse  que “não houve nenhum tipo de alerta ao Ministério da Mulher, Família e Diretos Humanos sobre os yanomamis”.

“Houve sim pedido de ajuda humanitária e logística de transporte aéreo (das forças federais) para atender as comunidades indígenas do Estado de Roraima, isoladas pelos efeitos de chuvas intensas”, escreveu Francisco Cleudiomar Alves Ferreira, da Defesa Civil, à reportagem.

“Na resposta a esse pedido o Ministério da Mulher, Família e Diretos Humanos faz referência a uma resposta da Funai ao Ministério, de que Estava Elaborando um plano de trabalho  para atender, especificamente, os yanomamis, razão por que não pedimos mais ajuda para as comunidades indígenas yanomamis, mas sim nos dedicamos em atender as demais comunidades indígenas do Estado, que estavam sofrendo com a fome em decorrência do isolamento provocado pelo intenso inverno amazônico”, acrescentou.

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