Saúde

Covid-19: Estado de São Paulo retorna para fase amarela

Decisão, anunciada pelo governador João Doria nesta segunda-feira 30, ocorre um dia após segundo turno das eleições

GOVERNADOR DE SP, JOÃO DORIA. FOTO: DIVULGAÇÃO/GOVERNO DE SP
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O Estado de São Paulo volta à fase amarela do plano de combate ao novo coronavírus a partir desta segunda-feira 30. O anúncio foi feito pelo governador João Doria em coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes.

A decisão vem após as eleições municipais de 2020, que se encerraram no último domingo 29. Antes de regredir para a fase amarela, seis das 17 regiões do Estado estavam na fase verde do Plano SP.

“Com o claro aumento da instabilidade da pandemia, o governo e o centro de contingência da Covid-19 decidiram que 100% do Estado de São Paulo vai retornar para a fase amarela do Plano São Paulo. Essa medida, quero deixar claro, não fecha comércio, nem bares, nem restaurantes. A fase amarela não fecha atividades econômicas, mas é mais restritiva nas medidas para evitar aglomerações e o aumento do contágio da Covid-19”, disse o governador.

De acordo com o governador, as medidas restritivas vão focar em bares, restaurantes e cinemas. As escolas, particulares e públicas, que estão abertas desde setembro no Estado e desde outubro, continuam em funcionamento.

O que muda. Foto: Reprodução

Com a medida, São Paulo e outras cinco regiões que estavam na fase verde, a menos restritiva, devem reduzir o funcionamento de comércios e serviços.

As outras 11 regiões já estavam na fase amarela, se mantém no mesmo estágio.

Mais cedo, em entrevista à Globonews, o prefeito da capital, Bruno Covas (PSDB), afirmou que na cidade há estabilidade em relação a número de casos e óbitos.

“Na cidade a população já vem acompanhando a evolução da pandemia. Temos estabilidade em relação ao número de casos e número de óbitos. Vamos aguardar essa decisao final e a vigilância sanitária do município vai se pronunciar. Grande parte do que liberamos apenas na fase verde o Estado liberava já na fase amarela”, disse.

Neste momento, a capital  encontra-se na fase 4, a verde, a mais branda em termos de restrições, assim como as regiões de Campinas, Sorocaba e Baixada Santista. Outra parcela grande do Estado está na fase 3, a amarela. Ao todo são cinco fases.

Na últimas semanas, um grupo de infectologistas de São Paulo encaminhou uma carta a amigos onde alertam de que há “um aumento expressivo dos casos de Covid-19 nos hospitais em São Paulo”, que, segundo eles, estariam “lotados” por causa do aumento de “100% em alguns serviços”.

“Recomendamos fortemente novo ISOLAMENTO DOMICILIAR!”, escreveram, em maiúsculas. “Não ir a bares, restaurantes e festas. Não organizem encontros ou eventos sociais. Acreditamos que vocês estejam cansados de tudo isso, mas lembrem-se que nós estamos MUITO mais…. e ainda estamos vendo pessoas morrerem, famílias inteiras contaminadas, e os casos aumentando progressivamente sem nenhuma medida sendo tomada por parte dos governos”, destacam.

“Estamos em período eleitoral e talvez por isso não haja interesse político em novo ‘lockdown’ agora, mas é uma medida extremamente necessária! Por favor, ajude a controlar a pandemia e se proteja!​”, escrevem ainda os médicos.

A carta é assinada por médicos como Giovanna Baptista Sapienza, Marcela Capucho Chiaratin, Renata Guise Azevedo, Natanael Sutikno Adiwardana e Daniel Wagner Santos.

Covas, em entrevista a CartaCapital na reta final da eleição, afirmou que não há intenção de decretar lockdown em São Paulo, caso os casos aumentem ainda mais.

Segunda onda de Covid-19

De acordo com o boletim Infogripe divulgado na última semana, em 14 dias foram observadas tendências de alta no número de casos de Covid-19 nos estados do Amapá, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Já o número de óbitos sofreu aumento expressivo em Roraima, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Goiás.

Segundo o boletim Infogripe, a tendência é de piora do cenário geral em relação às taxas de ocupação de leitos de UTI  para Covid-19. Amazonas (86%) e Espírito Santo (85,1%) permanecem na zona de alerta crítica, enquanto Bahia (61,1%), Minas Gerais (64,5%), Rio de Janeiro (70%) e Santa Catarina (78,6%) voltam à zona crítica intermediária, após aparecerem fora da zona de alerta.

As capitais que registram taxas de ocupação de leitos de UTI para adultos com Covid-19 superiores a 80% são Manaus (86%), Macapá (92,2%), Vitória (91,5%), Rio de Janeiro (87%), Curitiba (90%), Florianópolis (83%) e Porto Alegre (88,7%). Além dessas, segundo o Infogripe, aparecem com taxas preocupantes, mas ainda abaixo da zona de alerta crítica, Fortaleza (78,7%), Belém (78,3%) e Campo Grande (76,1%).

“A gente está com uma aceleração, uma tendência de crescimento, mas estamos ainda em valores distantes do que foram no pico. Mesmo assim, já estamos com uma situação complicada em diversos locais em termos de capacidade de atendimento hospitalar. Isso faz com que a gente possa chegar a um ponto crítico e dramático mais cedo, com um número de novos casos muito menor do que precisou chegar na primeira fase aguda”, avalia Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe, que considera real o risco de haver um colapso no sistema de saúde brasileiro.

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