Saúde

Coronavírus: 40% da população mundial não têm como lavar as mãos

Segundo a Unicef, duas em cada cinco pessoas em todo o mundo não têm instalações básicas com água e sabão para lavar as mãos

Lavar as mãos é uma das principais ações de combate ao coronavírus. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
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Lavar as mãos corretamente é fundamental para se prevenir do novo coronavírus. A ação parece simples, mas a prática é inacessível para 40% da população mundial. É o que informa uma pesquisa da Unicef, divulgada em 13 de março.

Segundo a entidade, duas em cada cinco pessoas em todo o mundo não têm instalações básicas com água e sabão para lavar as mãos. O número equivale a cerca de 3 bilhões de pessoas, concentradas principalmente em países menos desenvolvidos.

Neste índice, estão incluídos crianças, pais, professores, profissionais de saúde e outros membros da comunidade. De acordo com a Unicef, 47% das escolas não possuem um lavatório com água e sabão, o que afeta 900 milhões de crianças em idade escolar.

Além disso, não há banheiros funcionais ou instalações para lavar as mãos em 16% nos pontos de atendimento dos estabelecimentos de saúde, onde os pacientes são tratados.

Na África ao sul do Saara, 63% da população das áreas urbanas, ou 258 milhões de pessoas, não têm como lavar as mãos. Cerca de 47% dos sul-africanos urbanos, equivalente a 18 milhões de pessoas, não possuem instalações básicas para lavar as mãos em casa. Os moradores mais ricos têm quase 12 vezes mais chances de realizar a prática.

Na Ásia Central e Meridional, 22% das populações urbanas, ou 153 milhões de pessoas, também não possuem instalações básicas em casa. São 50% de bengaleses urbanos (29 milhões de pessoas) e 20% dos indianos urbanos (91 milhões) nesta situação. No Leste da Ásia, não têm como higienizar as mãos 28% dos indonésios urbanos (41 milhões) e 15% dos filipinos urbanos (7 milhões).

As pessoas que vivem em favelas urbanas estão particularmente em risco, diz a Unicef, por se encontrarem na pior forma de assentamento informal. Nesses locais, o acesso ao saneamento básico é mais difícil.

No Brasil, a situação pode piorar com o novo marco do saneamento básico, aprovado na Câmara dos Deputados e em tramitação no Senado Federal. O texto facilita a privatização de empresas públicas de saneamento, na distribuição de água e no esgotamento sanitário.

Em entrevista a CartaCapital, o relator da Organização das Nações Unidas (ONU) Léo Heller avaliou que o novo marco do saneamento pode aprofundar a desigualdade no país. Segundo ele, os principais problemas podem ser o aumento de tarifas, a falta de interesse das empresas em atender municípios mais distantes e a transferência maciça de recursos públicos para as companhas.

De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), na média brasileira, 83,5% da população é servida por rede de água e apenas 52,4% tem o esgoto coletado, do qual somente 46% é tratado, conforme dados mais recentes divulgados em fevereiro.

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