Saúde

Cidade do Rio de Janeiro tem mais de 90% dos leitos de UTI ocupados

A Defensoria Pública e o Ministério Público do Rio pediram ações emergenciais para evitar quebra no sistema de saúde

(Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
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O sistema de saúde da cidade do Rio de Janeiro está com 93,9% dos leitos de unidades de terapia intensivas (UTIs) ocupados e pode entrar em colapso muito em breve. O alerta foi feito pela Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPRJ) e pelo Ministério Público estadual (MPRJ), que ajuizaram ação coletiva para que medidas emergenciais sejam adotadas.

Na ação, as instituições pedem o desbloqueio de 155 dos 287 leitos destinados aos pacientes com coronavírus na capital, conforme previsto no Plano de Contingência à Covid-19, e solicitam que sejam mantidas as medidas de distanciamento social até que todos os leitos estejam funcionando.

De acordo com o levantamento, feito na sexta-feira (17) pela plataforma do Sistema de Regulação (Sisreg), o governo do estado e a prefeitura destinaram ao município 749 leitos de UTI para tratamento de covid-19, incluindo os hospitais de campanha, ainda não inaugurados. A coordenadora de Saúde e Tutela Coletiva da DPRJ, Thaisa Guerreiro, destaca que, do total de leitos, 287 são de hospitais estaduais e municipais da cidade e 155 deles ainda não entraram em operação.

“Neste momento, em que se aproxima o pico da epidemia, é fundamental que todos os leitos de UTI, programados pelos próprios gestores para o tratamento digno da população, estejam em pleno funcionamento, sobretudo porque não há possibilidade de escoamento desses pacientes na rede existente, já notoriamente deficitária em leitos intensivos.”

Banner na comunidade Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, orienta os moradores sobre o isolamento social (Foto: Mauro Pimentel / AFP)

A defensoria aponta que há 61 leitos inoperantes no Hospital Estadual Anchieta; oito no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla; 71 no Hospital Universitário Pedro Ernesto; e cinco no Instituto Estadual do Cérebro. No Hospital das Clínicas (IESS), não foram identificados os 10 leitos previstos no plano de contingência.

Ocupação

Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), nas unidades da rede estadual, 60% dos leitos de enfermaria e 74% de UTI estão ocupados. Há 10 dias, as taxas de ocupação eram de 41% para enfermarias e de 63% para leitos de UTI.

Nas unidades dedicadas ao tratamento de pacientes com covid-19, a secretaria informou que as taxas de ocupação estão em 90,9% dos leitos de UTI no Instituto Estadual do Cérebro; 42,8% de UTI e 42,6% de enfermaria no Hospital Estadual Anchieta; 66,6% de UTI e 30% de enfermaria no Hospital Universitário Pedro Ernesto; e 44,3% de UTI e 55,4% de enfermaria no Hospital Regional do Médio Paraíba.

A secretaria informou que abriu 548 novos leitos exclusivos para pacientes com o novo coronavírus em todo o estado e que vai disponibilizar na capital, na Região Metropolitana e no interior um total de 3.414 leitos, sendo 2.000 em hospitais de campanha. As primeiras unidades de campanha a serem abertas são as do Leblon e do Maracanã.

De acordo com a secretaria, os hospitais privados também cumprem papel importante e, juntos, as redes pública, federal e privada somam 32 mil leitos de enfermaria e 6.500 leitos de terapia intensiva no estado.

Novos leitos

A Secretaria Municipal de Saúde informou que trabalha para abrir novos leitos de unidade de terapia intensiva para casos de coronavírus, mas que ainda depende de 806 equipamentos que a prefeitura comprou antes da pandemia e que devem chegar entre os dias 27 de abril e 27 de maio. Segundo o órgão, a rede municipal abriu, até o momento, 315 leitos exclusivos para atender pacientes de covid-19, sendo 109 de UTI.

No fim de semana, a prefeitura anunciou a abertura de mais 16 leitos no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, sendo cinco de UTI. Com isso, a unidade de referência da rede municipal para o novo coronavírus passa a contar com 186 leitos, sendo 65 de terapia intensiva e 121 de clínica médica. Mais vagas estão previstas para os próximos dias, podendo chegar a 381 leitos, sendo 201 de terapia intensiva com respiradores.

O hospital de campanha do Riocentro ficou pronto no domingo (19) e dispõe de 400 leitos de clínica médica e 100 de UTI, mas a unidade só começará a receber pacientes quando a ocupação dos leitos disponíveis no Ronaldo Gazolla chegar a 70%. Os equipamentos para o hospital de campanha devem chegar da China nos últimos dias do mês.

A Secretaria de Saúde está contratando profissionais para atendimento nas unidades de referência para a covid-19. São 1.049 vagas para as especialidades de intensivista, intensivista pediátrico, infectologista e clínico geral. O salário chega a R$ 15.693,95, de acordo com a especialidade e a carga horária, mais os benefícios. A inscrição para o processo seletivo simplificado pode ser feito pela internet.

A prefeitura anunciou que vai contratar leitos em hospitais privados, caso a ocupação da rede municipal chegue a 100%.

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