Mundo
Após quarentena, Alemanha anuncia ter controlado covid-19
‘Desde 12 de abril, mais pessoas são curadas todos os dias do que o número de novas infecções’, declarou o ministro de Saúde alemão
Após um mês de restrições sociais, a Alemanha, o quinto país mais afetado do mundo pela Covid-19, anunciou nesta sexta-feira 17 que a epidemia está “sob controle” no país.
“Podemos dizer agora que as ações têm funcionado. Conseguimos passar de um crescimento dinâmico a um crescimento linear e as taxas de infecção diminuíram de maneira significativa”, destacou o ministro da Saúde alemão, Jens Spahn. “Outro dado importante e encorajador é que, desde 12 de abril, mais pessoas são curadas todos os dias do que o número de novas infecções”, disse ele em entrevista coletiva, explicando ainda que a Alemanha já testou, até o momento 1,7 milhão de pessoas.
A estratégia alemã para lidar com o coronavírus também tornou possível, de acordo com o ministro, que o sistema de saúde não fosse sobrecarregado pelo fluxo de pacientes. Dos 40.000 leitos de terapia intensiva disponíveis no país, um quarto (cerca de 10 mil) está disponível atualmente.
No país, a taxa de infecção de pessoa para pessoa caiu para 0,7%, de acordo com dados divulgados na noite desta quinta-feira 16 pelo Instituto Robert Koch, a autoridade federal responsável pelo monitoramento epidemiológico. É a primeira vez que esse índice cai abaixo de 1%, destacou o presidente da instituição, Lothar Wieler, lembrando que a taxa foi de 1,3% no início do mês.
Esse indicador é crucial para as autoridades de saúde, pois permite planejar as ações para a saída do confinamento, que forçou o fechamento de escolas e da maioria dos estabelecimentos comerciais. Além disso, essa é uma informação importante para medir a capacidade do sistema de saúde de absorver o choque da epidemia.
Na quarta-feira 15, a chanceler Angela Merkel alertou que qualquer aumento adicional na taxa de infecção “sobrecarregaria” o sistema de saúde alemão. Com uma taxa “em torno de 1,1%, poderíamos atingir os limites do nosso sistema de saúde em termos de leitos em terapia intensiva até outubro”, alertou ela. “Com uma taxa de 1,2%, atingiríamos os limites do nosso sistema de saúde em julho e, com uma taxa de 1,3, já chegaríamos em junho” acrescentou.
A Alemanha contabilizou nesta sexta-feira 133.830 casos do novo coronavírus (3.380 nas últimas 24 horas) e 3.868 mortes, segundo o Instituto Robert Koch.
Angela Merkel, chanceler alemã, fez apelos em rede nacional para que a população ficasse em casa (Foto: Michael Kappeler / POOL / AFP)
Reabertura gradual
Sem optar por um confinamento rigoroso, a Alemanha impôs restrições significativas em todo o território, desde o fechamento de escolas e locais culturais até a proibição de agrupamentos nas ruas. O país, que recebeu dezenas de pacientes franceses e italianos em seus hospitais, poderá agora aliviar o isolamento.
A partir de segunda-feira 20, lojas de até 800 metros quadrados serão autorizadas a reabrir as portas, desde que sigam regras rígidas de higiene. As escolas vão retomar as aulas a partir do dia 4 de maio, começando pelos alunos mais velhos.
Grandes eventos, como concertos ou competições esportivas, permanecem proibidas até pelo menos 31 de agosto. Agrupamentos de mais de 2 pessoas também são interditados em locais públicos e os alemães devem respeitar uma distância mínima de 1,5 metro. Teremos que “aprender a conviver com o vírus”, insistiu o ministro da Saúde.
Produção de máscaras
Para evitar a retomada da epidemia, a Alemanha vai incentivar o uso de máscaras. Porém, diferentemente da vizinha Áustria que, nesta fase, decidiu obrigar o uso de máscaras em lojas e transportes públicos em todo o país, o governo federal alemão e os 16 Länders contentaram-se em “recomendá-las fortemente”.
Jens Spahn informou que empresas alemãs produzirão 50 milhões de máscaras por semana a partir de agosto, incluindo 10 milhões do tipo FFP2, que apresentam uma proteção maior contra o coronavírus. “Assinamos contratos com 50 empresas que desejam produzir 10 milhões de máscaras FFP2 e 40 milhões de máscaras cirúrgicas a partir de agosto”, declarou o ministro.
Um experimento com o uso obrigatório de máscaras na cidade de Iena (Turíngia) tende a demonstrar a sua eficácia. Nenhum novo caso foi registrado na localidade por uma semana, segundo a imprensa alemã.
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