Justiça

STF questiona Zé Trovão por vídeo com apelo para que caminhoneiros não fizessem greve

Bolsonarista propôs manifestações em frente a refinarias no dia 27 de junho; defesa diz que o discurso não desrespeitou os Poderes

O caminhoneiro Zé Trovão. Foto: Reprodução Créditos: Reprodução Redes Sociais
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, intimou a defesa do caminhoneiro bolsonarista Marcos Antônio Pereira Gomes, o Zé Trovão, para obter explicações sobre a veiculação de um vídeo em que apela a colegas da categoria para que evitem uma paralisação.

Zé Trovão é investigado no inquérito que apura a organização de atos antidemocráticos e chegou a ficar preso. Hoje ele está livre para circular no estado de Santa Catarina, sob o monitoramento de tornozeleira eletrônica, e se filiou ao partido do presidente Jair Bolsonaro (PL) com a pretensão de se lançar como candidato a deputado federal.

Em meio a uma tensão entre os caminhoneiros por conta de mais um aumento nos preços dos combustíveis anunciado pela Petrobras, Zé Trovão havia divulgado um vídeo com um apelo para que os colegas de profissão não fizessem uma greve em 19 de junho. O vídeo chegou a ser compartilhado por Bolsonaro.

A gravação tem duração de quase dois minutos. Nele, Zé Trovão diz que Bolsonaro “está fazendo tudo o que pode para conseguir viabilizar o transporte brasileiro” e acusa a Petrobras de aplicar um “golpe” contra o presidente da República. O caminhoneiro sugeriu que os trabalhadores façam uma manifestação em 27 de junho, em frente a refinarias, com a reivindicação de desconto de 25% no óleo diesel e de 15% na gasolina e no álcool.

Em nota, a defesa de Zé Trovão declarou que prestou esclarecimentos ao STF com a justificativa de que “embora possa parecer uma violação, [Zé Trovão] subjetivamente agiu por uma causa nobre acalmando os ânimos da classe dos caminhoneiros”.

Os advogados também argumentaram que “em momento algum foi desrespeitoso com quaisquer dos Poderes, em especial o Judiciário” e alegou que Zé Trovão “tem cumprido com todas as restrições impostas – tendo agido desta vez unicamente movido pelo interesse público de estancar uma greve que teria repercussões sociais graves”.

Os caminhoneiros têm relatado dificuldades para arcar gastos não só com o abastecimento de combustíveis, mas também com a manutenção dos veículos. Parte da categoria rejeita a proposta do governo federal sobre o oferecimento de um auxílio financeiro de 400 reais e pede que o presidente mude na política de preços da Petrobras, que alinha os valores nacionais às oscilações do mercado internacional.

Por sua vez, Bolsonaro alega que mudar a política de preços da Petrobras configuraria em uma intervenção indevida do Executivo na estatal, ainda que a União seja a sócia majoritária da empresa.

A aposta do governo é pela criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito contra os dirigentes da petrolífera para apurar os lucros dos acionistas, registrados em níveis recordes nos últimos meses. Conforme mostrou CartaCapital, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), indicou a obtenção de mais de 120 assinaturas para a instauração da CPI – o número mínimo de signatários é de 171.

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