Política
Sem apresentar provas, Bolsonaro diz que sofre ameaças e chantagem por indicações para tribunais superiores
Presidente citou casos que envolveriam escolhas para STJ e de André Mendonça, ministro do STF
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que, durante os processos de escolha de ministros para tribunais superiores, tem sido chantageado e ameaçado com uma possível prisão quando deixar o governo. Sem citar nomes ou apresentar provas do que disse, ele deu como exemplo o caso do Superior Tribunal de Justiça (STJ), para o qual indicou na segunda-feira Messod Azulay e Paulo Sérgio Domingues, após intensa negociação nos bastidores.
Bolsonaro deu a entender que os inquéritos em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF) dos quais ele é alvo poderiam ser usados para intimidá-lo. Ele lembrou o caso da ex-presidente da Bolívia Jeanine Añez, condenada a 10 anos de prisão pelo crime de golpe de Estado.
“Quantas vezes eu falo para vocês: é muito mais fácil estar do outro lado? Mas muito mais fácil. E não estar sendo ameaçado de cadeia quando deixar o governo. E qual é a acusação, e qual é o crime? O mesmo que foi acusado de cometer uma senhora de nome Jeanine Añez, ex-presidente da Bolívia. Está presa, condenada a dez anos. Qual é a acusação? Atos antidemocráticos. Alguém lembrou algum inquérito no Brasil com esse nome?”, disse o presidente, durante reunião com pastores em São Paulo.
Em seguida, novamente sem declinar nomes ou provas, Bolsonaro afirmou que já foi chantageado em indicações para o STJ e para o STF, neste caso, ao escolher o nome de André Mendonça, aprovado no ano passado.
“Essas pessoas o tempo todo ficam falando: ‘olha o seu futuro, você tem que fazer isso’, ‘eu não quero esse nome para o STJ, tem que ser aquele outro’. Para o Supremo, a pressão que eu sofri. (Disseram) ‘Eu não quero o André Mendonça’. Mas eu tenho um compromisso com evangélicos. ‘Mas eu não quero. Você, sua família, devem aqui’. Chantagem”.
No ano passado, em meio à indefinição da indicação de Mendonça, que esperou mais de três meses para ter seu nome avaliado pelo Senado, o presidente já havia sugerido que estava sendo chantageado para abrir mão do nome.
“Temos um problema sério pela frente agora. Eu indiquei um excepcional jurista, que é evangélico também, para o Supremo. E tem corrente que não quer lá. Quer impor. E chega recado: “A gente resolve CPI, a gente resolve tudo. Me dê a vaga pro Supremo”. Isso sempre houve. Nós começamos a mudar”.
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