Política

Segunda fase da CPI da Covid mira aquisição de vacinas por Bolsonaro

A partir de agora, a comissão deve buscar respostas do motivo pelo qual o governo buscou intermediários para compra de imunizantes

O senador Rogério Carvalho (PT-SE). Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
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O senador Rogério Carvalho (PT-SE), suplente na CPI da Covid, acredita que a Comissão Parlamentar de Inquérito passou, após os depoimentos dos irmãos Miranda, para a segunda fase dos trabalhos.

De acordo com o parlamentar, os primeiros meses de investigação apontaram para a negligência do presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia.

“O gabinete paralelo e o negacionismo estão comprovados. A CPI deveria encerrar nos 90 dias se não aparecessem fatos além da forma como o governo conduziu a população para adquirir imunidade, que levou mais de 520 mil pessoas à morte. Por si só, já é um crime a ser investigado e buscar as responsabilidades. É uma questão central que está bem instruída e tem elementos suficientes para garantir a definição de investigados e a tipificação de crimes”, disse em entrevista a CartaCapital nesta sexta-feira 2.

A partir de agora, segundo Carvalho, a comissão deve buscar respostas do motivo pelo qual o governo federal buscou intermediários para compra de vacinas.

“Apareceu um novo elemento com o depoimento do deputado [Luis Miranda] que diz que houve tentativa de suborno para ocorrer a liberação de uma determinada vacina, o que vai conduzir os trabalhos da CPI daqui para frente”, confirmou.

“Estávamos no curso de entender o motivo pelo qual o governo usa de intermediário na compra de vacina quando os laboratórios ofereciam centenas de milhares de doses diretamente. Isso é muito estranho”, acrescentou.

Para o senador, no caso das suspeitas que envolvem a aquisição da vacina indiana Covaxin, o presidente pode ser acusado, até o momento, somente de prevaricação, “porque ele foi informado de uma situação, mas não é o autor direto. Tem a participação dele direta na movimentação para aquisição de determinada vacina ou de insumo, mas até aí pode ser considera a responsabilidade em função do cargo”, afirmou.

Sobre o depoimento do policial militar Luiz Paulo Dominguetti, que diz ser representante no Brasil de uma empresa privada que atuaria na intermediação de contratos de vacinas – a Davati Medical Supply, Carvalho disse que levou o “governo federal ainda mais para dentro da CPI”.

“Ele fez uma denúncia que não pode ser desconsiderada, independente da condição dele de não ter produto [vacinas] para vender. A base do governo está muito preocupada e comemorou muito quando ele disse que tinha um áudio que incriminaria o [deputado] Luis Miranda. Teve ainda a informação do presidente da Davati de que foi o governo que pediu que fosse o Dominguetti a negociar”, relatou.

“Me parece que ele era uma pessoa de confiança, que poderia fazer essa mediação e pudesse proteger quem pedisse alguma vantagem indevida ou propina. No fim das contas, a minha avaliação é que o governo foi ainda mais para dentro da CPI e as trapalhadas todas, se ele foi plantado ou não, aumentou a força do depoimento do [deputado Luis] Miranda. Agora, é preciso avançar no processo de investigação”, completou.

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