Política

Relatora da CPI das Fake News quer quebrar sigilos de Fabio Wajngarten

Secretário de Bolsonaro já foi convocado a depor pela comissão e agora entra na mira do MP por corrupção

Lídice da Mata
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Encrencado pelo pedido do Ministério Público para que a Polícia Federal abra um inquérito contra si por corrupção e peculato, o secretário de Comunicação Social da Presidência, Fabio Wajngarten, está ameaçado em um outro flanco. A relatora da CPI das Fake News, deputada Lídice da Mata (PSB-BA), prepara um requerimento de quebra dos sigilos fiscal e bancário dele.

Wajngarten já é alvo da CPI. Foi convocado em outubro a depor, a pedido do deputado Rui Falcão (PT-SP), embora o depoimento até hoje não tenha data. Com a reabertura do Congresso em breve, Lídice e o presidente da CPI, senador Ângelo Coronel (PSD-BA), vão se reunir em 4 de fevereiro e definir um calendário de depoimentos, e aí uma data deverá ser fixada para o secretário comparecer.

A comissão tem informações de que o homem da comunicação do presidente Jair Bolsonaro teria participado da rede clandestina de financiamento e operação das milícias digitais bolsonaristas na eleição de 2018.

A esposa de Wajngarten, Sophie, é sócia-diretora de uma agência de propaganda, a Cucumber. Essa agência presta serviços para um instituto filantrópico de combate ao abuso sexual infantil, o Liberta. A Cucumber teria recebido dinheiro através do instituto para articular e financiar as milícias. Grana que teria entrado no Liberta pelas mãos de empresários bolsonaristas.

O chefe da Secom, Fabio Wajngarten (Foto: Anderson Riedel/PR)

O idealizador da operação teria sido um destes empresários, Elie Horn. Este é da construtora Cyrella e, também, sócio da empresa da qual o ministro da Economia, Paulo Guedes, fazia parte (há quem diga que ainda faz) antes de entrar no governo, a Bozano Investimentos, rebatizada de Crescera Investimentos. Wajngarten e Horn têm a origem judaica em comum.

Há outra razão para a CPI ter interesse no secretário. Trata-se de uma conversa de WhatsApp cujo print a Polícia Federal acaba de decretar ser falso, segundo a Folha desta terça-feira 28.

O print mostra um diálogo de 6 de maio de 2019 do general Carlos Alberto dos Santos Cruz, que era secretário de Governo de Bolsonaro, com um interlocutor não é identificado. No papo, o general chama o presidente de “covarde” e “idiota”, um dos filhos dele de “degenerado” e Wajngarten de “frouxo”.

Wajngarten tinha assumido o cargo de chefe da Comunicação Social um mês antes da conversa. Em tese, era subordinado a Santos Cruz, mas não dava bola para isso, devido à relação direta com a família Bolsonaro cultivada ao menos desde 2016 e que passou pela eleição. Os atritos entre os dois foram uma das causas da demissão do general por Bolsonaro em junho, um mês depois do print.

A Polícia Federal investigou o print a pedido de Santos Cruz, que jurava que estava em um avião rumo ao Pará na hora e no dia da conversa. Ele depôs à CPI em novembro e falou do caso. “Esse diálogo falso tinha o objetivo de dizer para o presidente da República que eu estava falando mal dele, dos filhos dele e ainda estava arquitetando para o Mourão assumir. Era uma coisa alucinante.”

O general foi perguntado pelo líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), quem teria sido o assessor de Bolsonaro a mostrar ao presidente o print falso. Respondeu que não sabia. Disse ainda que Wajngarten “fica muito colado ao presidente” e que assessor que passa ao assessorado material falso “é uma pessoa de uma deslealdade imensa”.

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