Política

Randolfe: impeachment não é impossível, há condições para uma ‘ebulição política’

Para o líder da oposição no Senado, Arthur Lira dificulta avanço da pauta na Câmara, mas pressão social pode ser ‘um tsunami’

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O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição no Senado, afirmou nesta quarta-feira 3 que a chegada do deputado Arthur Lira (PP-AL) à presidência da Câmara aumenta os desafios para o avanço de um processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro, mas não inviabiliza essa agenda.

Em entrevista ao canal?feature=oembed" frameborder="0" allowfullscreen> de CartaCapital no YouTube, Randolfe citou que sob outra presidência da Câmara seria possível “construir as condições internas junto com a pressão externa” para abrir um processo de impeachment. Com Lira no comando, porém, a situação se altera.

“Precisamos muito de mobilização externa. Temos a fermentação do cenário, temos um agravamento lamentável da crise sanitária, temos o agravamento da crise econômica e temos combinada com isso uma crise social sem precedentes”, declarou o senador. “Temos 68 milhões de brasileiros abandonados à própria sorte a partir de janeiro com o fim do auxílio emergencial”.

Segundo ele, há possibilidades de intensificação da pressão social e de “ebulição política” para criar as condições necessárias ao impedimento de Bolsonaro.

“É uma coisa que se descobre no Parlamento: quando vem de fora para dentro é como um tsunami. Não tem Centrão ou transferência de verbas que segure.”

A tarefa dos parlamentares de oposição ao governo, para Randolfe, passa por criar as condições políticas para o impeachment, construindo unidade política de ação no Congresso. Mas, ressalta o senador, há um trabalho a ser realizado “de fora para dentro”: a pressão social.

“Já está tendo carreata? Tem que ter mais ainda. Com as medidas de proteção da saúde pública, dentro de carro, mas precisa de bastante panela, de carreata, de mobilização. Vamos dar as mãos à pressão que tiver. Dos movimentos sociais, dos movimentos populares, das centrais sindicais em geral, do movimento estudantil, da OAB, pressão que vem dos movimentos mais à direita, enfim, todas as pressões têm de ser concatenadas para avançarmos na agenda do impeachment”.

Na entrevista a CartaCapital, Randolfe Rodrigues também confirmou ter obtido o número necessário de assinaturas para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito com o objetivo de apurar a omissão do governo de Jair Bolsonaro no enfrentamento à pandemia, em especial a partir do dramático cenário em Manaus.

“Senadores que normalmente não subscreviam entendem a necessidade da investigação. Ainda não iremos protocolar [o pedido de instalação] porque aguardamos a assinatura de outros senadores, para chegar muito além dos 27 necessários. Não é uma CPI para investigar o governo, mas para investigar omissões criminosas. Nunca foram tão declaradamente criminosas, por dolo, por omissão, como o que está acontecendo no País. Temos um verdadeiro genocídio”, declarou.

“O que ocorreu em Manaus e que ocorre no Norte do País é um genocídio sem precedentes. Se separássemos o estado do Amazonas e o colocássemos como um País, seria proporcionalmente o canto do Planeta com o maior número de mortes”.

Randolfe ainda analisou as perspectivas de formação de uma frente ampla para as eleições de 2022 e fez um balanço da Operação Lava Jato e das novas mensagens que reforçam a proximidade entre o ex-juiz Sergio Moro e os procuradores da força-tarefa de Curitiba.

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