Política

Presidente da Fiesp rebate Bolsonaro e diz que manifesto pró-democracia defende valores ‘de direita e de esquerda’

O ex-capitão tem insinuado que o documento seria pró-Lula e chamou de ‘sem caráter’ e ‘cara de pau’ os signatários

Josué Gomes. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
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O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)Josué Gomes da Silva, rebateu os ataques de Jair Bolsonaro (PL) contra a entidade, signatária de um manifesto em defesa da Democracia e crítico aos ataques do ex-capitão contra as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral.

Nos últimos dias, o ex-capitão disse que os signatários do texto seriam ‘caras de pau’ e ‘sem caráter’. Assinam o documento, além da Fiesp, outra centena de entidades do mercado e personalidades, como a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o ex-presidente Michel Temer e os pré-candidatos ao Planalto Simone Tebet (MDB), Ciro Gomes (PDT) e Luiz Felipe D’Avila (Novo).

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo desta sexta 5, o empresário disse, ao responder o presidente, que não deveria ser surpresa para ninguém a postura da entidade em defesa da Democracia, uma vez que, sem ela, o liberalismo, sistema econômico defendido pela Fiesp, não seria possível.

“É natural que a Fiesp assine um manifesto em defesa da Democracia, já que não existe liberalismo, economia de mercado ou propriedade privada, valores tão caros à entidade e ao setor industrial, sem que exista segurança jurídica, cujo pilar essencial é a democracia e o Estado de Direito”, justificou Gomes.

O empresário disse ainda que os ataques de Bolsonaro, condenados pela carta, sequer deveriam estar acontecendo. “Não deveríamos estar discutindo, a esta altura do campeonato, a urna eletrônica, e sim uma agenda para o país, como fomentar o desenvolvimento.”

Ele diz ainda que, no atual contexto, foi impossível ignorar a insegurança criada pelas ações de Bolsonaro contra o sistema eleitoral. O presidente tem repetido, sem provas, que o modelo seria fraudulento. Soma-se ainda os ataques que Bolsonaro faz aos ministros da Justiça Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal. O ex-capitão ainda insinua, em diversas ocasiões, que pode partir para uma ação de ruptura em parceria com militares.

Para o empresário, os manifestos seriam uma forma de expressar a pouca adesão que uma tentativa de ruptura teria na sociedade. “Não há como ignorarmos a insegurança criada pela contestação da confiabilidade do sistema eleitoral e do Judiciário”, destaca. “Nós não podemos aceitar que um 6 de janeiro [ataque ao Capitólio nos EUA] aconteça no Brasil”, completou mais adiante.

Por fim, o presidente da Fiesp ainda negou que o documento, que deverá ser lançado oficialmente no dia 11 de agosto, seja partidário ou tenha objetivo de ajudar algum candidato. Segundo ele, a carta defende valores tanto da direita, quanto da esquerda.

“Nosso manifesto nada tem de partidário, ele defende um valor que atende os interesses tanto da direita quanto da esquerda, a direita pode ganhar a eleição, e se vier a ser questionada?”, alega o empresário. “É apartidário, isso está mais do que demonstrado pelo arco de pessoas que assinaram”, repete, logo em seguida.

Bolsonaro havia sido convidado para comparecer na entidade no mesmo dia do lançamento oficial do texto. Inicialmente o ex-capitão topou participar da conversa, mas recuou diante do lançamento do manifesto. Sobre a recusa, Gomes da Silva reiterou que o convite ao presidente ainda está de pé. Uma conversa com Lula (PT) deverá acontecer no dia 9. Os três presidenciáveis signatários do texto já compareceram em encontros com a federação.

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