Política

Assassinos de Marielle Franco planejaram o crime durante três meses

Foram presos os PMs Ronnie Lessa, vizinho de Bolsonaro no Rio de Janeiro, e Élcio Vieira de Queiroz, suspeitos de executar a vereadora

Marielle Franco, covardemente assassinada (Foto: Wikimedia)
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A polícia do Rio de Janeiro deteve, na madrugada desta terça-feira 12, dois suspeitos de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes. As detenções acontecem às vésperas de o assassinato completar um ano.

Os detidos são o policial militar reformado Ronnie Lessa, de 48 anos, e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, de 46 anos. O primeiro teria disparado os tiros, do banco de trás do carro usado no crime; o segundo seria o motorista.

Ronnie Lessa, policial militar reformado, é apontado como autor dos disparos. Élcio de Queiroz dirigia o veículo na noite do crime (Reprodução/ TV Globo)

De acordo com os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, o crime foi meticulosamente planejado durante três meses.

“É inconteste que Marielle Francisco da Silva foi sumariamente executada em razão da atuação política na defesa das causas que defendia”, diz a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Rio. “A barbárie praticada na noite de 14 de março de 2018 foi um golpe ao Estado Democrático de Direito.”

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A investigação indica que Ronnie Lessa fez com regularidade pesquisas na internet sobre os locais que a vereadora frequentava. Os investigadores sabem também que, desde outubro de 2017, o policial pesquisava a vida do então deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL). Foram encontradas ainda buscas on-line sobre o então interventor na segurança pública do Rio, o general Braga Neto.

Segundo o jornal O Globo, Ronie Lessa foi preso em sua casa, no condomínio Vivendas da Barra, o mesmo onde o presidente Jair Bolsonaro tem uma casa, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. O diário carioca diz que, segundo os investigadores, não foi constatada nenhuma ligação, a não ser o fato de serem vizinhos.

A operação que levou às duas prisões é a primeira com a participação do Ministério Público do Rio. Ela aconteceu por meio do Gaeco, grupo de combate ao crime organizado que investiga crimes principalmente relacionados às milícias no Rio.

Os investigadores ainda não revelaram quem foi o mandante da execução. Após quase um ano de investigação, polícia e o Ministério Público do Rio decidiram dividir o inquérito em duas partes: uma sobre os executores do crime, outra sobre os mandantes.

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Outra pergunta ainda em aberto é quem era o outro ocupante do carro usado no crime – os investigadores têm certeza de que havia três pessoas dentro do veículo no momento dos disparos naquele 14 de março.

Marielle, de 38 anos, e Anderson, de 39, foram assassinados em 14 de março de 2018 no bairro do Estácio, região central do Rio, quando saíam de um evento no qual a vereadora palestrava. O carro foi alvejado por vários disparos, dos quais quatro atingiram a cabeça dela.

As investigações sobre o crime – que levou multidões às ruas no mundo todo para manifestar solidariedade e cobrar explicações – correram durante todo o tempo sob sigilo, embora uma série de informações tenha sido revelada pela imprensa brasileira.

Além de defender os direitos das mulheres e a inclusão social, Marielle criticava também a violência policial e a ação de milícias. Seu assassinato causou comoção internacional, e organizações de defesa dos direitos humanos pressionavam para que respostas fossem apresentadas.

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