Política

Piora da pandemia e boicote à Coronavac: o depoimento de Dimas Covas à CPI da Covid

O diretor do Instituto Butantan alertou que tudo aponta para um ‘recrudescimento [da pandemia], turbinado por variantes’

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas. Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado
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O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, prestou depoimento à CPI da Covid nesta quinta-feira 27. A vacinação no Brasil foi o tema central da oitiva, mas o especialista também fez alertas sobre o avanço da pandemia.

“Estamos num momento em que tudo indica que teremos um recrudescimento. Recrudescimento, agora, turbinado por algumas variantes que estão circulando entre nós. Essa pandemia vai persistir em 2021, quiçá em 2022”, declarou Covas.

Diante desse cenário, ele confirmou que serão necessárias doses de reforço não apenas para os brasileiros vacinados com a Coronavac – produzida pelo Butantan -, mas com todos os imunizantes disponíveis, principalmente devido ao avanço das variantes do coronavírus.

“Uma dose adicional já com as variantes já está sendo pesquisada inclusive pelo Butantan, que já incorpora a variante P1 nos estudos, inclusive com a Butanvac”, relatou o diretor do instituto, mencionando uma vacina nacional em fase de testes.

Covas ainda explicou que o prazo de 28 dias para a aplicação da segunda dose da Coronavac é o “ideal” para completar a imunização. Se, no entanto, a segunda dose for tomada com atraso, não há prejuízo.

Na quarta-feira 26, um boletim produzido pelo Observatório Covid-19 da Fiocruz também alertou para um avanço da pandemia nas próximas semanas. O grupo constatou um aumento na incidência de novos casos da doença na semana epidemiológica de 16 a 22 de maio. Houve um crescimento de 0,7% na média de casos diários, o que representa cerca de 62 mil novos diagnósticos positivos a cada dia.

O monitoramento informa que a elevação no número de casos costuma ser seguida, duas semanas depois, pelo aumento no número de óbitos. A projeção da Fiocruz é de que, mantidas as atuais tendências de circulação do vírus, o País contabilize, na próxima semana, em torno de 2,2 mil mortes por dia.

Outro momento significativo no depoimento foi a afirmação, por parte de Dimas Covas, de que declarações do presidente Jair Bolsonaro levaram à paralisação por três meses do processo de compra da Coronavac.

Segundo o responsável pelo Butantan, se não houvesse a interrupção seria possível ter entregue 100 milhões de doses da vacina até este mês. Covas afirmou que a expectativa era de assinatura do contrato pelo governo Bolsonaro em outubro de 2020.

“Todas essas negociações que ocorriam com troca de equipes técnicas, com troca de documentos, a partir desse momento elas foram suspensas. Quer dizer, houve, no dia 19 [de outubro], um dia antes da reunião com o ministro, um documento do ministério que era um compromisso de incorporação, mas, após, esse compromisso ficou em suspenso e, de fato, só foi concretizado em 7 de janeiro”, afirmou.

Após o vice-presidente da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), reproduzir áudios em que Bolsonaro dizia que a Coronavac não seria adquirida pelo governo, Covas reforçou: “Infelizmente, essas conversações não prosseguiram, porque houve, sim, aí, uma manifestação do presidente da República, naquele momento, dizendo que a vacina não seria, de fato, incorporada, não haveria o progresso desse processo”, disse.

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