Política

PF prende quatro suspeitos de ação hacker no celular de Sérgio Moro

Ex-juiz da Lava Jato relata suspeita de clonagem de seu aparelho telefônico, após receber ligações do próprio número

Sérgio Moro (Foto: Lula Marques/AGPT)
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A Polícia Federal cumpre quatro mandados de prisão temporária e sete de busca e apreensão, nesta terça-feira 23, de supostos hackers envolvidos na invasão do celular do ministro da Justiça, Sérgio Moro. Os mandados foram cumpridos nas cidades de São Paulo, Araraquara e Ribeirão Preto. Quatro suspeitos já foram detidos: três homens e uma mulher, todos jovens, segundo a emissora GloboNews. O grupo deve ser levado a Brasília para ser interrogados.

A ação, batizada como Operação Spoofing, é mantida sob sigilo e foi autorizada pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília. Em nota, a Polícia Federal afirma que a operação tem o objetivo de desarticular organização criminosa que praticava crimes cibernéticos.

De acordo com a PF, “spoofing” é um tipo de falsificação tecnológica que procura enganar uma rede ou uma pessoa, para que ela acredite que a fonte de uma informação é confiável, quando não é.

Sérgio Moro relata que, no dia 4 de junho, por volta das 18h, seu aparelho telefônico recebeu três telefonemas do seu próprio número. A partir de então, o ministro acionou investigadores da PF, com a suspeita de clonagem. Procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná também se queixam de invasões. No domingo 21, a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) relatou que seu celular sofreu ação de hackers. Na segunda-feira 22, o ministro da Economia, Paulo Guedes, informou ter sido a terceira vítima.

A investigação da Polícia Federal ocorre após vazamentos de diálogos noticiados pelo site The Intercept Brasil, entre o então juiz da Lava Jato e o procurador Deltan Dallagnol. Segundo as reportagens, Moro teria dado orientações que resultaram na alteração bancada acusatória no processo contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além disso, o ex-juiz teria dado conselhos estratégicos aos acusadores, sugerido testemunhas, cobrado ações e proposto conteúdo de nota dos procuradores.

Em audiências na Câmara e no Senado, em junho, o ministro disse que não reconhece a autenticidade das mensagens reveladas. Além disso, classificou as reportagens do Intercept como “sensacionalistas” e atribuiu os vazamentos à ação de hackers interessados em anular condenações da Lava Jato e atrasar processos em andamento.

Em 2 de julho, o site O Antagonista publicou que o jornalista Glenn Greenwald, editor do Intercept, havia se tornado alvo de investigação do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), do Ministério da Economia. Na mesma semana, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) manifestou, em ofício ao COAF, preocupação com a liberdade de imprensa. “A referida especulação tem suscitado a preocupação acerca do risco de violação ao direito fundamental à liberdade de expressão, o qual foi consagrado na Constituição da República de 1988, e constitui um dos pilares do regime democrático brasileiro”, defendeu a entidade.

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