Política

Pena de morte gera divergência pública no clã Bolsonaro

O filho do presidente eleito diz que o assunto poderá ser discutido já no ano que vem. O pai desmente após repercussão ruim

(Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agencia Brasil)
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Os Bolsonaro se esforçam para mostrar afinidade com o direita trumpista, mas em matéria de segurança pública, ficam claros os anseios por um Brasil a la sudeste asiático: como as Filipinas de Rafael Duterte e a Indonésia.

A exemplo dos países asiáticos, o tema mais recente de confrontos e desmentidos de Jair Bolsonaro e os filhos é a pena de morte.

Em entrevista ao jornal O Globo, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) prenunciou caminhos para implantar a pena de morte no Brasil, atropelando a cláusula pétrea do artigo 5º da Constituição.

Na visão do deputado, a discussão poderia ir adiante já no primeiro ano do governo caso algum jurista “lastreie esse posicionamento”. Ele diz ainda que o ideal seria realizar um plebiscito (“Faz uma pergunta direta para o povo. Se o povo aprovar, já vira lei”).

Algumas manchetes depois, Bolsonaro fez um desmentido nas redes sociais, limitando-se a dizer que a pena de morte fere a Constituição e não foi promessa de campanha. Embora tenha disfarçado o reclame de crítica à imprensa, nas entrelinhas é o filho quem foi desautorizado.

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Eduardo defende que, a exemplo do país asiático, o País tenha pena capital para crimes relacionados ao tráfico. Também é a favor da medida de em casos de corrupção e de pedofilia.

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Esse não é o primeiro episódio de bate-cabeça entre o presidente eleito e os filho. Quando Eduardo ameaçou fechar o STF com “um soldado e um cabo”, o pai minimizou o caso chamando-o de ‘garoto’ e sugerindo que quem diz o que ele disse deveria consultar um psiquiatra.

Eduardo Bolsonaro é o deputado federal mais votado da história, eleito com 1,8 milhão de votos. Como político, é o mais alinhado à agenda do pai, atuando em  favor da liberação de armas, e contra o aborto, os direitos humanos, Lula e o PT.

Embora não ocupem nenhum cargo no governo de transição, os três filhos de Bolsonaro costumam vocalizar as demandas do pai e têm poder nas decisões, atuando como conselheiros informais. Carlos e Eduardo são os mais boquirrotos; o primeiro vocifera contra inimigos e aliados nas redes sociais, e o outro em declarações descabidas à imprensa.

Mais velhos dos três, o senador eleito Flávio – na mira da Coaf desde o vazamento dos suspeitíssimos extratos de seus assessores – costuma ser mais discreto.

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