Política

Osmar Terra diz que quarentena é inútil e epidemia terá fim em 30 dias em São Paulo

Nome do deputado já foi levantado para substituir Mandetta no Ministério da Saúde

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O deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) acusou o Instituto Butantan de fazer “terrorismo” em relação à proliferação do novo coronavírus e afirmou que a epidemia terminará em menos de 30 dias no estado de São Paulo. O ex-ministro da Cidadania, que também é médico, escreveu em sua rede social, na segunda-feira 13, que o pico da epidemia já foi atingido no território paulista.

Demitido da Cidadania em fevereiro para dar lugar a Onyx Lorenzoni, Terra está entre os nomes que já foram levantados pelo presidente Jair Bolsonaro para substituir Luiz Henrique Mandetta na chefia do Ministério da Saúde. Em três tuítes, o deputado declarou que a quarentena decretada pelo governador João Doria (PSDB) não tem utilidade.

“Está terminando a epidemia em São Paulo. O pico foi no final de março! Quarentena inútil”, escreveu o parlamentar. Junto ao texto, ele compartilhou uma publicação do presidente do Instituto Ludwig von Mises Brasil, Hélio Beltrão, que chamou de “excelente notícia” a redução no número de mortes nos últimos três dias.

 

Em uma publicação posterior, Terra parabeniza um comunicado da prefeitura da cidade de Sinop, no Mato Grosso, que autoriza o funcionamento do comércio em geral, incluindo hotéis, lanchonetes, feiras, oficinas e o setor da construção civil. Segundo o informativo, as empresas deverão adotar medidas de prevenção, como a utilização de máscaras e a garantia da distância de dois metros entre os clientes.

“O bom senso começa a aparecer”, comentou o deputado.

Em outro tuíte, Terra critica uma matéria do portal G1, que reporta a previsão do Instituto Butantan e do governo de São Paulo sobre a disseminação do coronavírus no estado, em cenários que incluem e excluem a implementação de medidas de isolamento.

Com referência à universidade britânica Imperial College-London, o Butantan e o governo divulgaram a estimativa de 111 mil mortes no estado, com a adoção do isolamento, e 277 mil mortes, sem as medidas, ao longo dos 180 dias seguintes a 6 de abril. Além disso, a projeção é de 670 mil hospitalizações por coronavírus, com as medidas adotadas, frente à expectativa de 1,3 milhão de pessoas hospitalizadas caso as medidas não fossem cumpridas.

Na mesma matéria, o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirma que São Paulo chegaria em 13 de abril com quase 5 mil óbitos, se não houvesse restrições diante da pandemia. Com as medidas, a expectativa era chegar à data com menos de 1,3 mil óbitos. No entanto, o número atingido na segunda-feira 13 foi bem menor: 608 falecimentos, segundo o Ministério da Saúde.

“Olha o Instituto Butantan fazendo terrorismo e se desmoralizando!!! Alguém avise a eles que a epidemia em São Paulo está terminando em menos de 30 dias”, escreveu Terra.

Porém, com a declaração, o ex-ministro ignora especialistas que apontam a subnotificação de casos de covid-19 no Brasil. O problema também é enfrentado por outros países, como avaliou o médico infectologista do Hospital do Servidor Estadual, Luiz D’Elia Zanella, em entrevista a CartaCapital.

Segundo pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ainda há subnotificação dos casos diários da covid-19 em razão da demora de confirmação final dos pacientes infectados.

 

A hipótese de afrouxamento das medidas de isolamento social é rechaçada por Mandetta. O ministro chegou a criticar Bolsonaro em entrevista na televisão, pela falta de disciplina no cumprimento das recomendações oficiais.

As declarações de Mandetta deram gás a novos rumores de sua demissão, principalmente após os militares sinalizarem desacordo com sua atitude de insubordinação ao presidente da República.

Na última data em que foi dada como certa a sua exoneração, 6 de abril, Mandetta afirmou que não pediria para sair porque “médico não abandona paciente”, mas relatou clima de angústia na equipe do Ministério da Saúde.

De acordo com o último balanço do Ministério da Saúde, de 13 de abril, São Paulo contabilizou 608 mortes e 8.895 casos de coronavírus. No domingo 12, o estado tinha 588 óbitos e 8.755 casos, uma diferença de 20 vítimas fatais e 140 infecções em 24 horas.

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