Cultura

Oposição avalia pedir convocação de Mario Frias ao Congresso para explicar viagens

Servidores da pasta foram aos EUA para participar de apenas duas reuniões

O secretário especial de Cultura, Mario Frias. Foto: Reprodução
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Integrantes da oposição criticaram ontem a viagem de membros da Secretaria Especial de Cultura do governo federal a Los Angeles, nos Estados Unidos, em janeiro, revelada pelo colunista Lauro Jardim, do GLOBO. Líderes no Congresso avaliam apresentar requerimentos de convocação de Mario Frias, responsável pela pasta, para dar explicações.

Em 19 de janeiro, o secretário de Incentivo e Fomento à Cultura da pasta, André Porciuncula; o secretário de Audiovisual, Felipe Pedri; e o assessor Gustavo Torres foram à cidade americana para apenas duas reuniões: uma na Câmara de Comércio Brasil-Califórnia e outra com Roberta Augusta, vice-presidente da IDC, empresa detentora de um estúdio de cinema.

Frias não embarcou para a viagem por estar com Covid-19 na época. O caso, no entanto, lembrou a ida do auxiliar do presidente Jair Bolsonaro à Nova York, em dezembro passado. Na ocasião, Frias se reuniu com o lutador de jiu-jitsu Renzo Gracie para discutir um documentário sobre o atleta. A viagem custou R$ 39 mil aos cofres públicos, sem contar o reembolso de R$ 1.849 com testes de Covid-19.

Para o líder da minoria no Senado, Jean Paul Prates (PT-RN), as reuniões das duas viagens poderiam ter sido feitas de forma remota.

— Frias nunca lutou pela valorização da cultura nacional. Em vez de gastar todo esse dinheiro, ele e sua equipe poderiam ter feito uma reunião online para tratar do tema. Ele aproveitou o período da viagem para fazer turismo. Quanta ignorância e hipocrisia — disse o senador.

O líder da oposição na Câmara, Wolney Queiroz (PDT-PE), informou que se reunirá nesta manhã com sua equipe técnica para avaliar as medidas contra Frias, entre elas a possibilidade de convocação:

— Vamos estudar quais as medidas cabíveis nesse caso. Amanhã (hoje) cedo vou conversar com assessoria e verei o que é possível fazer.

Já o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), vice-líder do PT na Câmara, usou as redes sociais para criticar a viagem. “Depois de Nova York, equipe de Mario Frias aproveita mamata em Los Angeles. A infecção por Covid impediu que Frias embarcasse aos EUA, mas três de seus ajudantes partiram para o périplo em solo norte-americano”, escreveu Pimenta no Twitter.

Frias se defende

Frias, por sua vez, também usou a plataforma para se defender. “Há muito ataque e difamação, mas minha família sabe que sou um homem honrado e honesto. Minha esposa e meus filhos sabem quem sou, é isso que realmente importa”.

Somente os voos de ida e volta de Frias a Nova York custaram R$ 26 mil, em classe executiva. Em diárias, o secretário recebeu R$ 12,8 mil. Também foi contratado um seguro de R$ 305, totalizando R$ 39,1 mil. O Ministério Público abriu investigação para apurar os custos da viagem.

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