Política

O que se sabe sobre o acidente que matou Teori Zavascki?

Segundo as primeiras informações, não houve pânico na cabine e piloto tentou pousar duas vezes antes da queda. Desorientação pode ter contribuído

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A queda do avião Beechcraft C90GT King Air que levava o ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, além de outros três passageiros e do piloto, criou um momento de expectativa na vida política brasileira.

Teori estava em uma posição sensível, como relator da Operação Lava Jato no STF, e sua ausência pode ter implicações para os resultados da investigação, assim como para a continuidade do governo federal.

Algumas teorias da conspiração surgiram ao redor do acidente, assim como apelos para investigações efetivas sobre o episódio. As primeiras informações oficiais começaram a ser divulgadas, mas o suspense deve prosseguir até uma definição por parte das autoridades. Entenda, abaixo, o que se sabe até aqui.

Quem está investigando o acidente que matou Teori?

Quatro instituições estão realizando a investigação do acidente. A Aeronáutica, por meio do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes (Cenipa), é responsável pela investigação técnica. O Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal instauraram inquérito civil, sob responsabilidade da procuradora da República Cristina Nascimento de Melo, do MPF em Angra dos Reis (RJ), e do delegado da PF em Angra Adriano Antonio Soares. A Polícia Civil também está no caso.

A investigação está sob sigilo? Por quê?

Sim, o sigilo foi determinado pelo juiz da 1ª Vara Federal de Angra dos Reis, Raffaele Felice Pinto. O sigilo é comum em investigações de desastres aéreos no País e está previsto na lei 12.970 de 2014.

Essa legislação foi aprovada para facilitar o recebimento de informações pelo Cenipa, órgão responsável pela apuração dos acidentes aéreos com o intuito de prevení-los. Antes de essas informações serem colocadas sob sigilo, o Cenipa via suas investigações prejudicadas porque fontes temiam que as informações repassadas fossem usadas em inquéritos e tornadas públicas.

Agora, as autoridades policiais podem usar as informações obtidas pela Aeronáutica, mas se houver autorização judicial e se elas estiverem sob sigilo.

Mas a Aeronáutica divulgou informações sobre o acidente. Quais são elas?

Segundo a legislação, o Cenipa pode divulgar informações que achar convenientes. No fim da manhã desta terça-feira 24, o órgão divulgou uma nota informando que conseguiu extrair com sucesso os dados do gravador de voz da cabine do avião em que Teori Zavascki viajava. Segundo o órgão da FAB, “em uma análise preliminar, os dados extraídos não apontam qualquer anormalidade nos sistemas da aeronave.”

De acordo com o chefe da divisão de operações, coronel Marcelo Moreno, o equipamento gravou os últimos 30 minutos de áudio do voo e isso inclui não só informações de voz, mas outros sons que serão importantes para a investigação. “Nós analisamos sons diferentes, em que possamos identificar, hipoteticamente falando, o ruído de um trem de pouso sendo baixado, a aplicação de algum grau de flap ou outro equipamento aerodinâmico da aeronave”.

O que mais se sabe sobre a gravação?

Técnicos do Cenipa citados por veículos de imprensa divulgaram informações adicionais sobre o áudio, ainda não confirmadas oficialmente pela Aeronáutica.

Segundo a TV Globo, a análise do gravador de voz da caixa-preta do avião aponta que o piloto da aeronave fez duas tentativas de pouso no aeroporto de Paraty (RJ) antes de cair no mar. Ainda segundo a emissora, os áudios mostram que não houve pânico dentro da aeronave antes da queda.

De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, o áudio também mostra que o piloto disse que iria esperar a chuva passar antes de pousar.

Também segundo a Folha, a Cenipa avalia preliminarmente que uma desorientação do piloto (por exemplo a respeito do espaço do avião em relação ao solo), é a única hipótese plausível, até o momento, para explicar o acidente. 

Há testemunhas do acidente? O que elas dizem?

As testemunhas do acidente ainda serão ouvidas oficialmente pelas autoridades responsáveis, mas há relatos conflitantes. Célio de Araújo, barqueiro de 50 anos, disse à Folha de S.Paulo na quinta-feira 19 que estava em um passeio próximo à ilha da Rapada e viu fumaça saindo da asa esquerda do avião. 

Lauro Koehler, que estava em um outro barco de passeio no local, relatou ao jornal O Estado de S.Paulo a forte chuva no momento da queda, acrescentando que a visibilidade dentro da embarcação foi extremamente prejudicada. 

Koehler disse não ter visto fumaça, mas sim o avião fazer uma curva fechada para a direita. “Não houve fumaça, não houve explosão, não houve nada no avião. O avião simplesmente fez uma curva fechada demais, se inclinou demais. Acredito que isso tenha feito ele perder a sustentação”, disse.

“À medida que ele foi fazendo a curva foi perdendo altitude e ficando cada vez mais inclinado. Quando ele estava acabando de fazer a curva de 180 graus, já estava tão baixo, tão inclinado que bateu com a asa na água. Nós só vimos a coluna d’água levantar”, afirmou.

E os destroços da aeronave, onde estão?

Nesta terça-feira 24, os destroços foram recolhidos do mar e levados para o porto de Paraty (RJ). De lá, seguirão para a Base do Aeronáutica, no aeroporto Galeão, no Rio de Janeiro, onde ficarão aos cuidados da Cenipa.

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