Política

O dilema de Romeu Zema em aceitar ou não o apoio de Bolsonaro em Minas

Contar apenas com o presidenciável do Novo, Felipe D’Avila, pode ser insuficiente para que o atual governador encare Alexandre Kalil, que tem Lula como cabo eleitoral

Romeu Zema e Jair Bolsonaro em janeiro de 2019. Foto: Alan Santos/PR
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O governador de Minas Gerais e pré-candidato à reeleição, Romeu Zema (Novo), enfrenta um dilema em relação a apoiar ou não o presidente Jair Bolsonaro (PL) na eleição deste ano. Até o momento, o chefe do Executivo estadual tem dito que estará ao lado do pré-candidato do seu partido, Felipe D’Avila, no pleito nacional.

No entanto, contar apenas com o presidenciável do Novo pode ser insuficiente para que Zema vença o seu principal adversário, o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD).

Pesquisa DataTempo divulgada na segunda-feira 6 pelo jornal O Tempo mostra que Zema, quando apoiado por D’Avila, fica com 24,4% das intenções de voto. Neste caso, o líder é Kalil que, com a imagem associada ao ex-presidente Lula (PT), vai a 40,4%. O pré-candidato bolsonarista, Carlos Viana, ao lado do presidente, fica com 15,4%.

Em um cenário sem os presidenciáveis, Zema aparece com 45,7% e o ex-prefeito de Belo Horizonte soma apenas 22,1%. Considerados apenas os votos válidos, o atual governador seria eleito no primeiro turno.

Em Minas, Bolsonaro busca um palanque que lhe dê melhores condições para a reeleição. O presidente chegou a acenar para Zema, mas, por ora, o governador descartou uma aproximação.

Levantamento do DataTempo divulgado nesta terça-feira 7 aponta que Lula lidera a corrida eleitoral no estado com 44,8% das intenções de voto contra 28% do ex-capitão. A diferença entre ambos, que era de 14,45 pontos, foi para 16,8 pontos. Pesquisa anterior do mesmo instituto, feita no mês passado, indica que o atual presidente é rejeitado por 59,1% dos mineiros.

“Quem estiver com o Bolsonaro em Minas perde a eleição”, avalia o deputado federal Rogério Correia (PT-MG). “Se o Zema se agarrar ao Bolsonaro, afunda. Ao mesmo tempo, se ele não tiver ninguém, afunda do mesmo jeito porque vai precisar de alguém para contrapor o apoio de Lula a Kalil. Ele está em um dilema: morrer afogado com o Bolsonaro ou morrer afogado sem ele?”.

Para o presidente o PT de Minas, o deputado estadual Cristiano Silveira, Zema tentará manter uma certa neutralidade na eleição para presidente.

“O Bolsonaro pode puxar o Zema para baixo. Se ele [Zema] for habilidoso, vai deixar as alianças meio soltas”, afirma o dirigente partidário. “Não vejo vantagem para o governador colar a sua imagem à do presidente”.

Em 2018, já no primeiro turno, Zema desafiou o seu partido e pediu votos para Bolsonaro ao fim do debate promovido pela TV Globo. Pelas redes sociais, o Novo chegou a tratar o caso como ‘infidelidade partidária’, já que tinha candidato a presidente, João Amoêdo.

No segundo turno daquele ano, a aproximação entre os dois foi ainda mais escancarada. O político chegou a aderir o slogan ‘Bolsozema’ durante a campanha e repetir o bordão ‘Brasil acima de tudo, Deus acima de todos’. Pelas redes sociais, naquela ocasião, fez diversos acenos ao ex-capitão.

Já eleitos, Bolsonaro passou a usar o atual governador em diferentes ocasiões para se referir a ‘bons exemplos’ de executivos estaduais. Nas muitas agendas do ex-capitão no estado, Zema sempre acompanhou em posição de destaque.

Como noticiou CartaCapital, o PT espera que o ex-presidente tenha uma vantagem de até três milhões de votos sobre o ex-capitão no estado.

Minas, que é o segundo maior colégio eleitoral do País, é vista como estratégica para a eleição nacional. Desde 1989, o presidente eleito é o que leva mais votos no estado.

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