Justiça

Novos vazamentos mostram que Lava Jato tentou investigar Gilmar Mendes

O artigo 102 da Constituição determina que os ministros do Supremo só podem ser investigados com autorização de seus pares

Ministro Gilmar Mendes
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Deltan Dallagnol e outros procuradores do MPF, que comandam a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, tentaram coletar dados para afastar o ministro do STF, Gilmar Mendes. É o que mostram os novos vazamentos de conversas entre os procuradores, divulgados pelo El País em parceria com o site The Intercept Brasil.

Divulgadas nesta terça-feira 6, as conversas apontam que os procuradores chegaram a acionar investigadores na Suíça para tentar reunir munição contra o ministro. Uma aposta era que Gilmar estivesse diretamente ligado a Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, preso em Curitiba num desdobramento da Lava Jato e apontado como operador financeiro do PSDB.

Como o magistrado já havia concedido dois habeas corpus em favor de Preto, a linha dos procuradores era que Gilmar aparecesse como beneficiário de contas e cartões que o operador mantinha na Suíça, um material que já estava sob escrutínio dos investigadores do país europeu.

“Vai que tem um para o Gilmar…hehehe”, diz o procurador Roberson Pozzobon no grupo, em referência aos cartões do investigado ligado aos tucanos. “Você estará investigando ministro do Supremo, Robinho.. não pode”, responde o procurador Athayde Ribeiro da Costa. “Ahhhaha”, escreve Pozzobon. “Não que estejamos procurando”, ironiza ele. “Mas vaaaai que.”

Essa ideia de investigar Gilmar veio de um boato da força-tarefa de São Paulo. Segundo indicou Dallagnol, o procurador ficou sabendo que o ministro poderia ter ligação com o dinheiro aprendido com Preto pelos colegas de São Paulo.

Em outros momentos das conversas, Dallagnol chegou a dizer que seu sonho era que Toffoli e Gilmar acabassem fora do STF. Ele comentou assim no grupo dos integrantes da Operação: “rsrsrs”.

O procurador chegou a mobilizar assistentes para produzir um documento com “o propósito de mostrar eventuais incongruências [de Mendes] com os casos da Lava Jato”.

STF corporativista

Após deixar claro que gostaria de investigar “acidentalmente” Gilmar Mendes, Dallagnol recebe um alerta de um colega. “Mas cuidado porque o STF é corporativista, se transparecer que vocês estão indo atrás, eles se fecham para se proteger”, diz Paulo Galvão. Dias depois, a força-tarefa descobriria que o ex-senador tucano Aloysio Nunes ligou para o gabinete de Mendes no dia da prisão de Paulo Preto.

Mais uma vez, o procurador Paulo Galvão tenta puxar o freio de mão do entusiasmo do coordenador da força-tarefa. “Mas não é novidade que Gilmar veio do PSDB e de dentro do governo FHC!!! Cuidado com isso”. Mas Dallagnol insiste: “Agora é diferente” (…) “Não é uma crença ou partido em comum” (…) “É trabalhar lado a lado, unha e carme”.

Procurada pelo El País,  a força-tarefa de Curitiba negou os vazamentos e afirmaram que qualquer ligação nesse sentido, por parte de quem for, seria mera especulação.

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