Política

Novo ministro de Bolsonaro criticou licença maternidade de 6 meses e disse que mulheres faltam mais ao trabalho

Um dia após ser indicado pelo presidente, vídeo apócrifo divulga frases polêmicas

Créditos: Ascom/Ministério da Economia
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Em uma série de vídeos que circulam nas redes sociais, o novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, aparece criticando a licença maternidade de 6 meses, que seria algo “criminoso” contra a mulher e afirmando que mulheres faltam mais ao trabalho para ir ao médico.

Em um dos vídeos, Sachsida diz que a legislação que garante a licença maternidade “diz” ao empresário para não promover mulheres no ambiente de trabalho.

“Eu, por exemplo, sou contra a licença maternidade de seis meses, isso pra mim é criminoso contra a mulher. Você dar uma licença maternidade de 6 meses para mulher é mais ou menos como você chegar para um empresário e falar: não promova uma mulher. Isso porque se ela engravidar, vai ficar 6 meses fora da empresa”.

E continuou:

“Você consegue imaginar uma empresa ficar 6 meses sem seu gerente? Não tem jeito. Quando fui contra essa lei, da licença maternidade de seis meses, pessoal me xinga. Não é nada disso, é que eu me preocupo com as mulheres”, afirmou.

O novo ministro, que costumava postar aulas de economia em seu canal do YouTube antes de entrar no governo, ainda disse que o empresário tem um comportamento “racional” porque o custo de oportunidade da mulher é mais alto do que o do homem.

“O custo de oportunidade da mulher é mais alto porque ela é mais eficiente fora do trabalho. Se o casal tiver um filho, provavelmente é a mulher que está cuidando do filho. Aí vira, “Adolfo, mas o homem fica bêbado mais que a mulher”, fica, então menos pro homem nesse ponto. Mas também quem vai mais ao médico é a mulher, então vai faltar mais para ir ao médico. O empresário está fazendo essas contas”, disse.

Sachsida ainda disse que é “difícil” argumentar que haja uma dívida histórica com a população negra no Brasil 200 anos após a abolição.

“Eu entendo falar que queria falar, não, temos que fazer uma reparação histórica, porque negros foram escravizados no Brasil, então temos que ter essa reparação. Bom, olha só, o último grupo que foi extremamente maltratado no brasil não foi negro, o último grupo que levou pancada para caramba no Brasil foram alemães, italianos e japoneses. É difícil você argumentar que 200 anos depois do final da escravidão exista uma dívida histórica”, disse.

Ecoando uma discussão recorrente entre os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, Sachsida defendeu que Adolf Hitler, ditador alemão nos anos 30 e 40 e líder do partido Nazista, seria de esquerda, assim como Augusto Pinochet, ditador chileno que chegou a ser preso acusado de genocídio e terrorismo.

Segundo historiadores, essa “polêmica” não existe e até a embaixada da Alemanha chegou a dizer que afirmar que o nazismo foi um movimento de esquerda é “besteira completa”.

Nos vídeos que circulam na internet, o novo ministro argumenta que por supostamente dar mais valor ao estado do que ao indivíduo, Hitler seria de esquerda.

“Será que Hitler dava mais valor ao estado ou indivíduo, será que Hitler dava mais valor à função social da propriedade ou função privada? Será que Hitler gostava mais de planejamento central, um estado grande ou do mercado com estado pequeno? Antes de responder, vou dar uma dica, o que é PT? É a sigla do partido dos trabalhadores, da mesma maneira que o PT é partido dos trabalhadores, o partido nazista era uma sigla, você sabe qual era sigla? Partido Nazista significa Partido Nacional Social dos Trabalhadores Alemães”.

E perguntou em seguida:

“O partido nazista do qual Hitler fazia parte e era o grande líder, era o Partido Nacional Social dos Trabalhadores Alemães você realmente acredita que o Partido Nacional Social dos Trabalhadores é um partido de direita?”, questionou.

Para Sachsida, Pinochet era “esquerdista” por colocar o estado acima do indivíduo ao “exterminar” várias pessoas, mas de direita por conta de sua política econômica.

“Ele colocava o estado acima do indivíduo, desse jeito é um esquerdista, colocava o estado acima do indivíduo, da liberdade individual, mas por outro lado, Pinochet queria um sistema de preços via mercado, propriedade privada, então na parte econômica, Pinochet era de direita”, afirmou.

 

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