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“Não peço, eu mando”, diz Bolsonaro sobre demissão de diretor do Inpe

A polêmica entre Ricardo Galvão e Bolsonaro se deu após o Instituto ter divulgado uma pesquisa sobre o aumento no desmatamento da Amazônia

Jair Bolsonaro (Foto: Marcos Corrêa/PR)
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O presidente Jair Bolsonaro se pronunciou pela primeira vez sobre a demissão do diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Ricardo Galvão. Ao sair do Palácio do Planalto, na manhã deste domingo 04, o pesselista afirmou não haver mais clima para a permanência de Galvão no Instituto.

“Eu não peço. Certas coisas, eu mando. Por isso que sou presidente. Após as declarações dele a meu respeito, pessoais, não tinha clima para continuar mais. Não tinha clima”, disse Bolsonaro.

 

O presidente informou que o nome substituto de Galvão será decidido pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes.

Na última sexta-feira, Galvão anunciou que seria exonerado do cargo após desavenças com o presidente. O diretor se reuniu com Marcos Pontes para esclarecer algumas polêmicas “Minha fala sobre o presidente gerou constrangimento, então, eu serei exonerado”, disse Galvão.

A polêmica entre Galvão e Bolsonaro se deu após o Instituto ter divulgado uma pesquisa sobre o aumento no desmatamento da Amazônia. O presidente afirmou que o Inpe estava agindo a serviço de alguma ONG. “Você pode divulgar os dados, mas tem que passar pelas autoridades até para não ser surpreendido. Até por mim, eu não posso ser surpreendido por uma informação tão importante como essa daí”, afirmou Bolsonaro.

Após a fala de Bolsonaro, Galvão rebateu: “Ao fazer acusações sobre os dados do Inpe, na verdade ele faz em duas partes. Na primeira, ele me acusa de estar a serviço de uma ONG internacional. Ele já disse que os dados do Inpe não estavam corretos segundo a avaliação dele, como se ele tivesse qualidade ou qualificação de fazer análise de dados“.

A pesquisa polêmica

Dados preliminares do Inpe mostram que mais de 1 mil km² de floresta amazônica foram devastados só na primeira quinzena de julho deste ano. O número representa um aumento de 68% em relação a julho de 2018. O levantamento é do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), plataforma criada em 2004 que produz, diariamente, alertas de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que três hectares. Os alertas são enviados automaticamente ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Procurado, o Inpe afirmou a CartaCapital que o objetivo do sistema Deter é disponibilizar dados em tempo real. Isso quer dizer que submetê-los à consulta do presidente da República antes da divulgação fugiria da praxe do órgão e do propósito da plataforma. Além disso, o Instituto publica relatórios mensais para reunir esses dados. Esses documentos, segundo a instituição, já são submetidos ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTIC) e ao Ibama antes da divulgação.

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