Entrevistas

‘Não há nenhum risco de golpe’, diz advogado de Bolsonaro, agora pré-candidato a deputado

Em entrevista a CartaCapital, Frederick Wassef ironizou temores de uma crise como a de Capitólio, nos EUA: ‘Isso é conversa, né? Não existe nada disso’

Frederick Wassef, advogado da família do presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Pedro França/Agência Senado
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Advogado da família do presidente Jair Bolsonaro (PL), Frederick Wassef decidiu se lançar como pré-candidato a deputado federal nesta semana, pelo Partido Liberal de São Paulo.

“Constantemente sou parado na rua. As pessoas pedem selfie“, justifica ele, em entrevista a CartaCapital. Wassef diz que é elogiado por sua “lealdade” a Bolsonaro e que pretende continuar na defesa jurídica do ex-capitão, mesmo se ocupar uma vaga no Congresso. “Simultaneamente, serei útil ao governo como parlamentar.”

Como muitos dos próceres bolsonaristas, Wassef diz ter dificuldades de acreditar que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteja à frente de Bolsonaro nas pesquisas – ainda que todas elas mostrem o petista com folga na dianteira.

O advogado também ironizou o risco de um golpe. Os temores de uma ruptura institucional, aliás, aumentaram após Bolsonaro voltar a citar a embaixadores supostas fraudes nas urnas eletrônicas, com versões já desmentidas pelo Tribunal Superior Eleitoral e rebatidas publicamente pelas embaixadas dos Estados Unidos e do Reino Unido.

Confira, a seguir, os principais trechos da conversa.

CartaCapital: Por que decidiu lançar sua pré-candidatura?

Frederick Wassef: Constantemente sou parado por pessoas na rua. Pessoas essas que vêm, me dão parabéns por todo o meu trabalho e a minha luta. Me elogiam pela minha lealdade ao presidente, por nunca tê-lo traído. E viram o meu perfil de trabalho na advocacia criminal, trazendo vitórias em cima de vitórias ao presidente e aos seus filhos. A marca principal é o quanto sou de confiança ao presidente. E as pessoas pedem selfie. Você não tem ideia da quantidade de pessoas.

Eu fui convidado, intimado, pressionado por diversos grupos a me candidatar. E uma hora me convenci. Fui lá no Palácio do Planalto, falei com o presidente, ele apoiou a ideia, aí estivemos juntos no PL, ele mesmo foi quem endossou a minha entrada no PL. Lembrando que, caso eu venha a ser eleito, eu continuarei advogado. Ser parlamentar não impede o exercício da advocacia.

CC: Você continuará advogando para os Bolsonaro?

FW: Vou continuar sendo advogado do presidente e da família Bolsonaro, mas paralelamente e simultaneamente, serei útil ao governo como parlamentar.

CC: Como o senhor vê o favoritismo de Lula nas pesquisas eleitorais?

FW: Não acredito nessas pesquisas, por um motivo simples. Quando vejo o presidente Bolsonaro nas ruas – eu tenho diversos filmes para lhe mostrar e que a imprensa não divulga – em qualquer lugar que ele vá, há multidões que o cercam.. O outro candidato, que as pesquisas apontam ter quase o dobro de votos, você não vê uma foto, uma filmagem em lugar nenhum do Brasil com isso.

CC: Caso Lula de fato vença as eleições, como Jair Bolsonaro vai reagir?

FW: Não sei, isso tem que ser perguntado ao presidente. Mas acredito, pelo que eu conheço, que ele é um homem que sempre respeitou a democracia e que não vai ter nenhuma novidade. Isso é uma fake news que estão tentando implantar, inclusive falando de Capitólio. Sempre acusam o presidente de coisas que não existem e da qual o presidente é vítima. O presidente Bolsonaro é a maior vítima de atos antidemocráticos e de atos contra a democracia. Não existe nenhum risco de ruptura institucional, nem de golpe. Isso não existe. Quem faz isso é a esquerda brasileira, não Jair Bolsonaro.

CC: É que o senhor manifestou desconfiança sobre as pesquisas eleitorais…

FW: Eu, como cidadão brasileiro, tenho dificuldade em acreditar que o outro candidato que esteja à frente sempre… você vê uma pesquisa que teve do Datafolha, não muito tempo atrás, que mostrava ele [Lula] quase que com o dobro. Como é possível que o outro candidato esteja quase com o dobro nas pesquisas, sendo que quando eu vejo o meu presidente em qualquer lugar do Brasil, eu vejo milhões de pessoas ao redor dele? Quando o outro candidato vai, você não vê ninguém. Então, como é que o senhor quer que eu acredite nessas pesquisas?

Eu não testemunhei alguém na rua pegando um telefone e filmando. Eu quero ver uma pesquisa assim: uma câmera filmando, numa rodoviária, sendo registrado: e aí amigo, por gentileza, é Lula ou Bolsonaro? Como é que alguém me garante que os votos pró-Bolsonaro não são contados e os do Lula são contados?

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