Política

Mourão minimiza queimadas na Amazônia: “Isso é agulha no palheiro”

Segundo o Inpe, 24 mil focos de incêndio foram registrados na região este mês. Número é o maior registrado em dez anos

O General Hamilton Mourão, vice-presidente do Brasil. Foto: Suamy Beydoun/AGIF/AFP O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), cuja mulher é contratada pela Poupex. Foto: Suamy Beydoun/AGIF/AFP
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O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta quinta-feira 27 que os milhares de focos de incêndio registrados na Amazônia em agosto são como “agulha no  palheiro” e que não é possível dizer que a floresta está “queimando”.

“Nós temos essas questões das queimadas. O dado do dia 26 de agosto é que nós tínhamos 24 mil focos de calor na Amazônia Legal. Ora, minha gente, a Amazônia Legal tem 5 milhões de quilômetros quadrados. 24 mil focos de calor significa que tem um foco de calor a cada 200 quilômetros quadrados. Isso é agulha no palheiro. E o que está sendo colocado para o mundo inteiro: “a floresta está queimando, a Amazônia está queimando”  disse em debate organizado pelo Canal Rural.

Mourão também questionou estudos que associam a fumaça das queimadas ao aumento de de problemas respiratórios em moradores da região amazônica.

“Eu vejo editorialistas e formadores de opinião dizendo que a fumaça está prejudicando as pessoas. Eu não consigo entender da onde essas pessoas conseguem extrair esses dados e conseguem ouvir isso”.

Quase 500 bebês foram internados na região em 2019

Um estudo publicado na quarta-feira 26 pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e Human Rights Watch (HRW) mostra que ao menos 2.195 pessoas foram internadas em 2019 por doenças respiratórias em decorrência de queimadas na região amazônica.

De acordo com o levantamento, quase 500 internações envolveram crianças com menos de um ano, e mais de mil foram de pessoas com mais de 60 anos.

 

As organizações descobriram que, em agosto de 2019, quase 3 milhões de pessoas em 90 municípios foram expostas a níveis de poluição atmosférica nocivos, acima do limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em setembro, o número aumentou para 4,5 milhões de pessoas em 168 municípios.

“Até que o Brasil efetivamente controle o desmatamento, podemos esperar que as queimadas continuem a cada ano, impulsionando a destruição da Amazônia e intoxicando o ar que milhões de brasileiros respiram”, diz Maria Laura Canineu, diretora da Human Rights Watch no Brasil, ao DW.

“O fracasso do governo Bolsonaro em lidar com esta crise ambiental tem consequências imediatas para a saúde da população na Amazônia, e consequências de longo prazo para a mudança climática global”, completa.

Aumento de casos em indígenas

Outro estudo inédito publicado na terça-feira 25 pelo Instituto Socioambiental (ISA) revelou um maior número de internações de indígenas em 2019 devido a problemas respiratórios causados por toxinas da fumaça.

Apenas entre julho e agosto do ano passado, houve um aumento de 25% nas internações por problemas respiratórios na população indígena de 50 anos ou mais.

“A taxa de internação em 2019 foi a mais alta da série histórica para a população indígena maior que 49 anos e a segunda maior alta nas internações da população indígena em idade inferior a 5 anos”, atesta o estudo.

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