Política

Moro cometeu crime federal e depoimento é “mentira deslavada”, diz Bolsonaro

Presidente rebateu trecho de acusações e mostrou conversas com ex-ministro da Justiça em seu próprio celular

O presidente da República, Jair Bolsonaro, em frente ao Palácio da Alvorada. Foto: Reprodução/Facebook
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O presidente Jair Bolsonaro classificou como “mentira deslavada” trechos do depoimento do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, divulgado na íntegra nesta terça-feira 5. Em entrevista na frente do Palácio da Alvorada, em Brasília, Bolsonaro negou ter pedido para verificar relatórios de inquéritos da Polícia Federal, conforme acusou Moro.

O ex-juiz da Operação Lava Jato prestou depoimento no sábado 2, à Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, no estado do Paraná. Moro decidiu se demitir do Ministério da Justiça após, segundo ele, tentativas de interferência política de Bolsonaro no trabalho da Polícia Federal.

“Primeiro, em nenhum momento eu pedi relatórios de inquérito”, defendeu-se Bolsonaro. “Isso é mentira deslavada por parte dele. Mentira deslavada. Tenho até vergonha de falar isso daqui. Até ele diz que eu pedi uma reunião de ministros. Uma reunião de ministros, e eu ia pedir algo ilegal? Eu não peço ilegal nem individualmente, que dirá de forma coletiva.”

Bolsonaro afirmou ainda que Moro “foi correndo entregar o telefone para a Globo“, em referência à ocasião em que a emissora de televisão divulgou capturas de tela do celular do ex-ministro, que apresentam diálogos com o presidente da República sobre a possibilidade de troca no comando da PF.

“É um homem que inclusive tinha peças de relatórios parciais de coisas que eu passava para ele”, disse Bolsonaro. “Entregar para a Globo isso? Isso é crime federal. E pode ver que eu confiava nele. Tanto é que eu passava extratos de informações com chefes de estados e com inteligência de fora do Brasil.”

O presidente da República retomou ainda uma declaração que fez no dia anterior, em que chamou uma notícia compartilhada pelo site O Antagonista como “fofoca”. O ex-capitão exibiu trechos de conversas no celular com Moro, em que o próprio ex-ministro classifica a notícia com a mesma expressão.

Segundo Bolsonaro, na véspera do dia em que compartilhou com Moro uma notícia sobre investigação da PF sobre deputados bolsonaristas (quando disse que era “mais um motivo para troca”), o presidente havia enviado o mesmo link e recebeu de Moro a resposta que era “fofoca”.

“Isso foi no dia anterior. Tá aqui em verde, eu mandei para ele. Em branco, ele mandou para mim, ele começa: ‘Isso é fofoca’. O Moro disse que isso é fofoca. Porque ele tem informações privilegiadas. Se isso é fofoca, ele diz que esse inquérito que existe no Supremo não tem nome de deputado federal nenhum, e nem de Carlos Bolsonaro. Ele é quem diz isso”, declarou o presidente.

Bolsonaro não comentou a declaração de Moro que acusou o chefe do Palácio do Planalto de querer “apenas” uma das 27 superintendências da Polícia Federal, justo a do Rio de Janeiro, foco de interesse da família presidencial.

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