Política

Moro cancela participação em evento de jornalismo investigativo 

O ministro alegou motivos de agenda. mas certamente quer fugir de questões acerca das mensagens trocadas por ele e procuradores da Lava-Jato

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O ministro da Justiça Sérgio Moro cancelou na quarta-feira 19 sua participação em um evento de jornalismo investigativo. Moro era esperado no dia 28 de junho no 14º Congresso de Jornalismo Investigativo, promovido pela Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), na Anhembi Morumbi, em São Paulo. Ele alegou “motivo de agenda” para cancelar sua participação.

Ao que tudo indica, o ministro segue o modus operandi de Bolsonaro na época das eleições e prefere fugir do debate. Moro seria entrevistado em um dos painéis do congresso e certamente teria que enfrentar questões acerca do vazamento das mensagens trocadas por ele e procuradores da Lava-Jato e divulgadas pelo site The Intercept.

Responsável pelo evento, a Abraji inclusive publicou uma nota de repúdio contra os ataques a Glenn Greenwald e à equipe do The Intercept.

“O ministro da Justiça, Sergio Moro, chamou o Intercept, no Twitter, de “site aliado a hackers criminosos” (14.jun.2019). Trata-se de uma manifestação preocupante de um ministro que já deu diversas declarações públicas de respeito ao papel da imprensa e à liberdade de expressão. Moro erra ao insinuar que um veículo é cúmplice de crime ao divulgar informações de interesse público. O Intercept alega que recebeu de uma fonte anônima mensagens privadas de Moro e de procuradores da Lava Jato. Jornalistas e veículos não são responsáveis pela forma como a fonte obtém as informações”, cita um trecho do texto.

A nota ainda cita os ataques sofridos por Greenwald, um dos fundadores do The Intercept, caso da onda de publicações no twitter pedindo a deportação do jornalista, tarefa também encabeçada pelo deputado federal Carlos Jordy (PSL-RJ) que, em conjunto com Filipe Barros (PSL-PR), pedem uma CPI para investigar as atividades dos responsáveis pela criminosa interceptação e divulgação de conversas.

A Abraji finaliza o texto declarando solidariedade a Greenwald e repudiando os ataques direcionados  a ele, à sua família e a seus colegas do Intercept, especialmente os que partem de agentes públicos. “Tentativas de intimidar e silenciar um veículo são ações típicas de contextos autoritários e não podem ser tolerados na democracia que rege o país”, conclui a nota.

O ministrou Sérgio Moro participou de uma audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, na quarta-feira 19, para dar sua versão sobre os vazamentos. Ele voltou a negar irregularidades em suas trocas de mensagens com procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato.

Moro se concentrou em exaltar a Operação no combate à corrupção, denunciar a invasão de criminosos a celulares de autoridades públicas e classificar as divulgações do Intercept como “sensacionalistas”. Segundo sua teoria, o escândalo é orquestrado por hackers que têm o objetivo de anular condenações de corruptos ou obstaculizar processos em andamento.

Sobre o conteúdo vazado, o ministro reforçou que não reconhece a autenticidade das mensagens, porém, não descartou ter mencionado trechos noticiados. “Tem coisas que eventualmente eu possa ter dito. Outras causam estranheza. Mas essas mensagens podem ter sido total ou parcialmente adulteradas”, ponderou. Além disso, afirmou que considera os diálogos “absolutamente corriqueiros”.

O próximo a ser ouvido no Senado deve ser o procurador Deltan Dallagnol, conforme anúncio do Senado na terça-feira 18. O requerimento é de autoria do senador Angelo Coronel (PSD-BA), que tem o objetivo de apurar “suposta e indevida coordenação de esforços” na força-tarefa.

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