Política

Militar, novo diretor da EBC exalta ‘servir’ em carta de apresentação

General Luiz Carlos Pereira Gomes assumiu a presidência da Empresa Brasil de Comunicação

Luiz Carlos Pereira Gomes, novo diretor-presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
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O novo diretor-presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), empresa pública de comunicação vinculada ao governo federal, escreveu uma carta de apresentação aos funcionários na qual exalta a palavra “servir” com veemência e fala que “servir está acima de trabalhar”. Luiz Carlos Pereira Gomes é general do Exército brasileiro e já foi comandante de escolas militares.

“Conto com todos para participar do Plano de transformação da EBC. […] SERVIR impõe uma dedicação de corpo e alma à missão sem pedir nada em troca”, escreve Pereira Gomes, que destaca, em negrito e caixa alta, a palavra ao longo do texto.

A nomeação do general foi publicada no Diário Oficial da União na segunda-feira 19. O antigo presidente, Alexandre Henrique Graziani, passou para o cargo de diretor de Operações, Engenharia e Tecnologia segundo informou o mesmo decreto.

A EBC é composta pela Agência Brasil, TV Brasil, Rádio Nacional, Rádio MEC e outros veículos de mídia que têm republicação gratuita e cobertura ampla do governo federal. No primeiro dia de 2019, a Empresa Brasil de Comunicação foi vinculada à Secretaria de Governo por meio da Secretaria Especial de Comunicação Social, como determinado pelo Decreto 9660/2019.

Ao longo do ano, jornalistas que trabalham para a estatal denunciaram tentativas de censura para a palavra “golpe” ao referirem-se à ditadura brasileira de 1964 – sendo “ditadura” outro termo proibido na ocasião. Em nota conjunta, profissionais de São Paulo, Minas Gerais e Brasília denunciaram as manobras editorais por meio do Sindicato dos Jornalistas, e relataram que elas aconteciam principalmente com a aproximação do dia 31 de março, aniversário do golpe.

 

“Nas reportagens e títulos que tratam sobre o assunto, o termo ‘ditadura’ está sendo sistematicamente substituído por ‘regime militar’, a não ser quando as matérias trazem declarações do presidente para negar o fato: ‘para Bolsonaro, não houve ditadura no Brasil’. A palavra ‘golpe’ é ainda mais escondida. No lugar de ‘aniversário do golpe’, se usa ‘comemoração de 31 de março de 1964′”, diz o texto.

Os jornalistas ainda escreveram sobre o alcance das notícias publicadas pela EBC. “Como trabalhadores da comunicação, temos compromisso com o Estado democrático de direito, com a narrativa honesta dos fatos e com a pluralidade de vozes da sociedade. É danoso ao Brasil que as reportagens da EBC, distribuídas gratuitamente para o país e o mundo, tentem esconder ou minimizar os crimes contra a humanidade praticados no período da ditadura militar. […] Para que nunca mais se repita. Inclusive a censura”, concluíram.

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