Política

Lula não tem se posicionado de forma suficiente em relação à população LGBT, diz Erika Hilton

A vereadora diz que pretende entregar a Lula um documento com reivindicações: ‘Cobraremos que o ex-presidente traga, em seu plano de governo, bem claro, quais serão as propostas’

A vereadora e pré-candidata a deputada federal pelo PSOL, Erika Hilton. Foto: Reprodução
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A vereadora Erika Hilton (PSOL-SP) afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não tem se posicionado de forma suficiente em relação à população LGBTQIA+ e que pretende apresentar ao pré-candidato um documento para cobrar políticas públicas claras voltadas a esse tema.

A declaração ocorreu durante entrevista ao programa Direto da Redação, no canal de CartaCapital no YouTube, nesta sexta-feira 24. Para Hilton, que apoia a pré-candidatura de Lula, a pauta sobre a proteção a essa comunidade deve ser tratada como “central”.

Não acho que [Lula] tenha se posicionado de forma suficiente com relação a temáticas da comunidade LGBTQIA+”, afirmou a vereadora. “Essa crítica que já vem sendo feita, não é de agora. Nós sempre sentimos uma ausência de um debate mais bem colocado, melhor estruturado com relação aos direitos da comunidade.”

“É preciso que o programa de governo do presidente Lula tenha a clareza de que essa é uma pauta de cidadania. Não pode estar na mesa de negociações de pautas de costumes, porque estamos no país que mais mata travestis e transexuais, onde essas mulheres vivem da prostituição compulsória até hoje”, declarou.

Hilton afirmou que, em um encontro com Lula, chegou a dizer ao petista que havia começado uma mobilização com lideranças da comunidade para a confecção de um documento que seria entregue a ele. O texto está em fase de planejamento.

Nós cobraremos que o ex-presidente traga, em seu plano de governo, direitos, e bem claro, quais serão as propostas para a comunidade LGBTQIA+”, afirmou. “Não aceitaremos ser tratadas como cidadãs de segunda classe ou como temas sensíveis, morais, polêmicos, quando estamos falando da nossa vida, da nossa dignidade e da nossa cidadania.”

A chapa de Lula com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) apresentou nesta semana um documento de 34 páginas em que constam as diretrizes do seu governo. A comunidade LGBTQIA+ é citada duas vezes.

A primeira aparição está no item 31, que menciona a segurança pública como um direito fundamental: “As políticas de segurança pública contemplarão ações de atenção às vítimas e priorizarão a prevenção, a investigação e o processamento de crimes e violências contra mulheres, juventude negra e população LGBTQIA+”, diz o texto.

A segunda aparição está no item 41, que cita também o acesso à saúde, à educação, ao emprego e ao reconhecimento de suas identidades: “Propomos políticas que garantam os direitos, o combate à discriminação e o respeito à cidadania LGBTQIA+ em suas diferentes formas de manifestação e expressão. Políticas que garantam o direito à saúde integral desta população, a inclusão e permanência na educação, no mercado de trabalho e que reconheçam o direito das identidades de gênero e suas expressões”.

Conforme já mostrou CartaCapital, porém, há um debate sobre se as candidaturas progressistas devem evitar tocar nos chamados debates do “campo moral”. Para especialistas, a agenda relacionada à sexualidade e gênero tende a favorecer o presidente Jair Bolsonaro (PL), como em temas como o combate à LGBTfobia e o direito ao aborto.

O próprio pré-candidato Ciro Gomes (PDT) chegou a classificar como “burrice” a tentativa de debater as “pautas de costumes” diante de um eleitorado conservador, embora se diga a favor de políticas afirmativas.

Ao passo que é cobrado de tratar com mais clareza sobre as políticas para a população LGBTQIA+, Lula segue como favorito nessa comunidade, segundo uma pesquisa divulgada na quinta-feira 23 pela organização Vote LGBT.

Realizada na Parada do Orgulho de 19 de junho e em outros dois eventos anteriores, a Caminhada de Mulheres Lésbicas e Bissexuais e a Marcha Trans, Lula apareceu com 86% das intenções de voto, contra 2,5% de Ciro Gomes e 1,6% de Bolsonaro. Segundo os organizadores, 930 pessoas foram ouvidas. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral.

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