Política

Léo Pinheiro nega acusação de Folha e Intercept; defesa de Lula rebate

Após reportagem indicar mudança de versão para incriminar Lula, empreiteiro escreve carta: ‘Nunca fui pressionado pela Polícia Federal’

Foto: Reprodução
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O ex-executivo da construtora OAS Léo Pinheiro reafirmou suas acusações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em carta enviada nesta quinta-feira 4 ao jornal Folha de S. Paulo. Pinheiro está preso desde setembro de 2016. Suas declarações ocorrem após reportagem publicada pela Folha com o site The Intercept Brasil, no domingo 30. Mensagens indicam que o empreiteiro foi pressionado a mudar sua versão para incriminar Lula no caso do tríplex de Guarujá (SP) e, somente assim, costurar acordo de delação premiada com a Operação Lava Jato.

Na carta, Pinheiro diz: “Afirmo categoricamente que nunca mudei ou criei versão, e nunca fui ameaçado ou pressionado pela Polícia Federal ou Ministério Público Federal”. O executivo reforçou seu “compromisso com a verdade” e que a credibilidade de seu relato “deve ser avaliada no contexto de testemunhos e documentos”.

O empreiteiro havia sido condenado pelo ex-juiz Sergio Moro por pagar propina a dirigentes da Petrobras. Mesmo recorrendo em liberdade, Pinheiro temia a prisão caso o Tribunal Regional Federal da 4ª Região rejeitasse a apelação. Diálogos revelados pela Folha e pelo Intercept indicam que, na primeira fase da negociação da delação, procuradores estavam irritados com as declarações do empreiteiro. “Tem que prender Léo Pinheiro. Eles [a empreiteira OAS] falam pouco”, teria dito Januário Paludo, em abril de 2016.

Meses depois, segundo a Folha, as negociações teriam empacado. Pinheiro havia dito que as reformas do tríplex de Guarujá e do sítio de Atibaia seriam agrados, sem contrapartidas, a Lula. Mas os procuradores teriam desconsiderado a narrativa. A partir disso, a versão do empreiteiro sofreu mudanças, até que, em depoimento a Moro, o executivo declarou que o imóvel de Guarujá era do petista. O executivo continua com a mesma acusação na carta à Folha:

“Na oportunidade, esclareci que o apartamento nunca tinha sido colocado à venda, porque o ex-presidente Lula era seu real proprietário e as reformas executadas foram realizadas seguindo suas orientações e de seus familiares”, diz. “O ex-presidente e sua família foram ao tríplex e solicitaram reformas, como a construção de um quarto, mudanças na área da piscina, etc. Tudo devidamente testemunhado por funcionários da empresa que acompanharam a empresa.”

“Pinheiro fabricou versão”, diz defesa de Lula

Os advogados de Lula rebateram as declarações do empreiteiro apresentadas na carta. Em nota, Cristiano Zanin Martins, membro da defesa do petista, diz que o relato de Léo Pinheiro é incompatível com as mensagens veiculadas pela Folha e pelo Intercept. “Na prisão, Pinheiro fabricou uma versão para incriminar Lula em troca de benefícios negociados com procuradores”.

No documento, Zanin Martins também elenca acontecimentos da época, que seriam coerentes com a acusação de pressão sobre Léo Pinheiro. Entre os fatos enumerados, está a reportagem da Folha de S. Paulo, de junho de 2016, “Delação de sócio da OAS trava após ele inocentar Lula”.

A defesa cita ainda uma petição protocolada em outubro do mesmo ano, em que Léo Pinheiro sustenta que o processo do tríplex é “ilegal e inconstitucional”. Em outra petição, de fevereiro de 2017, segundo do advogado, a OAS informara não ter encontrado contratações ou doações para ex-presidentes da República, institutos ou fundações a eles relacionadas.

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