Política

Jefferson não entregou celular à PF e disse ter pedido a ‘transeunte’ para jogar o aparelho no rio

De acordo com documento enviado ao STF, em nenhum momento o bolsonarista foi visto ‘portando ou utilizando celular pessoal’ em operação

Roberto Jefferson e Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução/Redes Sociais
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A Polícia Federal não encontrou o celular do ex-deputado federal Roberto Jefferson, presidente do PTB, durante operação deflagrada em 13 de agosto. Naquele dia, o bolsonarista foi preso por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, mas o aparelho não foi apreendido.

Um relatório do delegado Rafael da Rocha Morégula enviado ao STF e revelado nesta segunda-feira 30 pelo jornal O Estado de S.Paulo informa que Jefferson, ao ser questionado sobre o paradeiro de seu celular, disse que o entregou a um “transeunte para que fosse jogado no Rio Paraibuna”.

De acordo com o documento, em nenhum momento o bolsonarista foi visto “portando ou utilizando celular pessoal”.

“Durante todo o período em que lá estivemos, as buscas e o procedimento de prisão foram acompanhados, também, por familiares, assessores do alvo e empregados do imóvel que já se encontravam no local quando da chegada da equipe, ocasião em que Roberto Jefferson eventualmente pôde, por intermédio de terceiros, ter enviado mensagens ou áudios através de redes sociais”, comunicou o delegado ao STF.

Morégula ainda escreveu que Jefferson, ao assinar o mandado de prisão, escreveu no documento “Canalhice do Maridão de dona Vivi”, em referência à advogada Viviane Barci de Moraes, esposa de Moraes.

Denunciado

A Procuradoria-Geral da República, por meio da subprocuradora-geral Lindôra Araújo, apresentou uma denúncia contra Roberto Jefferson, por incitação ao crime, incitação de insubordinação contra as instituições, ameaças de dano físico e calúnias, homofobia, entre outras infrações.

A denúncia tem oito páginas e foi oferecida em 25 de agosto ao ministro Alexandre de Moraes. A PGR pede, ainda, a prisão domiciliar de Jefferson, por motivos de saúde.

O pedido se baseia em entrevistas e publicações nas redes sociais em que Jefferson incentivou ataques ao Congresso Nacional, ao STF e ao Tribunal Superior Eleitoral. Segundo a subprocuradora-geral, o ex-deputado “praticou condutas que constituem infrações penais previstas no Código Penal, na Lei de Segurança Nacional e na Lei que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor”.

Em entrevista de 24 de maio à Rádio 94 FM, citada pela denúncia, diz que “nós temos que agir agora, concentrar as pressões populares contra o Senado e, se preciso, invadir o Senado e colocar para fora da CPI a pescoção”. Ao blog Jornal da Cidade Online, Jefferson disse em 23 de julho que “vão botar fogo no Tribunal Superior Eleitoral, explodir aquele troço, mas tem que passar esta PEC”, em referência à proposta do voto impresso.

A denúncia menciona ainda uma entrevista em 26 de julho, à Jovem Pan News, em que Jefferson declarou que os integrantes da CPI da Covid deveriam ser “jogados dentro daquele lago em frente ao Congresso”.

Entre outros delitos praticados por Jefferson estariam a ofensa de “macaco” dirigida ao embaixador chinês Yang Wanming e a associação da população LGBT ao tráfico de drogas.

Jefferson foi preso no Rio de Janeiro em 13 de agosto, por ordem de Alexandre de Moraes. O magistrado também determinou a apreensão de armas e a suspensão das redes sociais do ex-deputado.

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