Política

Investigados na CPI da Covid estiveram ao menos 71 vezes no Ministério, diz jornal

Os dados podem ser ainda maiores, já que nos registros não constam entradas na portaria ‘privativa’ em 2020

Créditos: EBC Créditos: EBC
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Registros oficiais das portarias do Ministério da Saúde revelam que os 21 investigados na CPI da Covid que não possuem cargo na pasta estiveram ao menos 71 vezes no local durante a pandemia. A informação é do jornal Folha de S. Paulo.

Os dados podem ser ainda maiores, já que nos registros constam entradas em todas as portarias entre 2020 e 2021, com exceção da entrada ‘privativa’, da qual só se tem os registros deste ano.

Por esta passagem costumam seguir aqueles que têm encontros com a alta cúpula do ministério. É possível, portanto, que as visitas de investigados ao local tenham sido ainda mais frequentes, principalmente durante os primeiros meses de pandemia.

Entre os investigados, os três que mais estiveram no Ministério da Saúde no período foram o empresário José Ricardo Santana, que esteve 20 vezes no local; Ricardo Barros, com 11 visitas; e o advogado ​Tulio Belchior, 7 vezes.

Santana, campeão de visitas, já atuou em um cargo ligado à Anvisa e esteve presente no jantar em que Roberto Ferreira Dias teria pedido propina de um dólar por vacina ao policial Luiz Domingueti. O empresário também teve seu sigilo quebrado, em que constam contatos constantes com outros investigados pela CPI, como Francisco Maximiano e o lobista Marconny Faria. Há ainda a suspeita de que José Santana tenha ido à Índia para intermediar a negociação suspeita da Covaxin.

Já Ricardo Barros (PP-PR), segundo com mais aparições no prédio do ministério, é o atual líder do governo na Câmara e teve seu nome apontado como articulador dos esquemas de corrupção na pasta. Barros já foi ministro da Saúde do governo Michel Temer (MDB) e é possível que boa parte das negociações suspeitas tenham iniciado na sua gestão.

Tulio Belchior é advogado da Precisa Medicamentos, empresa que intermediou a compra de vacinas Covaxin ao custo de 1,6 bilhão de reais ao governo federal. O dono da Precisa e também investigado pela CPI, Francisco Maximiano, esteve 6 vezes no ministério e Emanuela Medrades, diretora da empresa e outra investigada, foi 5 vezes à pasta. A empresa também é alvo de outro processo com prejuízo de cerca de 20 milhões aos cofres da Saúde ainda na gestão Barros.

Na lista de visitantes frequentes ainda aparecem nomes do chamado gabinete paralelo, que coordenaram a condução do governo federal durante a pandemia. A médica Nise Yamaguchi e o virologista Paolo Zanotto, além do empresário Carlos Wizard e do deputado Osmar Terra, apontado como o ‘ministro paralelo’.

Confira a lista completa:

  • José Ricardo Santana, empresário e ex-Anvisa – 20 vezes no Ministério da Saúde
  • Ricardo Barros, deputado e líder do governo – 11 vezes no Ministério da Saúde
  • ​Tulio Belchior, advogado da Precisa Medicamentos – 7 vezes no Ministério da Saúde
  • Francisco Maximiano, dono da Precisa Medicamentos – 6 vezes no Ministério da Saúde
  • Nise Yamaguchi, médica e integrante do gabinete paralelo – 6 vezes no Ministério da Saúde
  • Emanuela Medrades, diretora da Precisa Medicamentos – 5 vezes no Ministério da Saúde
  • Carlos Wizard, empresário e integrante do gabinete paralelo – 3 vezes no Ministério da Saúde
  • Emanuel Catori, dono da Belcher Farmacêutica – 3 vezes no Ministério da Saúde
  • Osmar Terra, deputado e integrante do gabinete paralelo – 3 vezes no Ministério da Saúde
  • Luiz Paulo Dominghetti, policial e representante da Davati Medical Supply – 2 vezes no Ministério da Saúde
  • Ernesto Araújo, ex-ministro das Relações Exteriores – 1 vez no Ministério da Saúde
  • Paolo Zanotto, virologista e integrante do gabinete paralelo – 1 vez no Ministério da Saúde
  • Cristiano Carvalho, representante da Davati Medical Supply – 1 vez no Ministério da Saúde
  • Helcio de Almeida, coronel e presidente do Instituto Força Brasil – 1 vez no Ministério da Saúde
  • Luciano Hang, empresário dono da Havan – 1 vez no Ministério da Saúde
  • Arthur Weintraub, integrante do gabinete paralelo – sem registro
  • Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação do governo – sem registro
  • Luciano Dias Azevedo, tenente-médico da Marinha – sem registro
  • Marcellus Campêlo, ex-secretário da Saúde do Amazonas – sem registro
  • José Alves Filho, dono da Vitamedic – sem registro
  • Onyx Lorenzoni, ex-Casa Civil e atual ministro do Trabalho – sem registro

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