Política

Indicação de Sérgio Moro ao STF volta a ganhar força após crise

Bolsonaro está de olho no controle da Polícia Federal e em tirar o ex-juiz da Lava Jato do caminho para a corrida presidencial de 2022

Foto: Sergio LIMA/AFP
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A indicação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, ao STF voltou a ganhar força após os últimos acontecimentos que deixaram um rastro de estremecimento na relação do ex-juiz com o presidente Jair Bolsonaro. A crise se aprofundou depois que o ex-capitão comunicou que estudava desmembrar a pasta chefiada por Moro.

Em matéria publicada neste sábado 1, o jornal Folha de S.Paulo revela que o próprio ministro, em conversa com o presidente, falou da possível indicação ao Supremo Tribunal Federal para a vaga que se abrirá com a aposentadoria do ministro Celso de Mello, que completa 75 anos em novembro. O diálogo, tido como reservado por pessoas próximas a Sérgio Moro, foi tratado como uma DR, ou “discussão de relação”.

Com a indicação de Moro ao STF, Bolsonaro está de olho em duas situações. Primeiro, tirar o ex-juiz da Lava Jato da corrida presidencial em 2022 – vale lembrar que Moro, segundo pesquisa do Instituto Datafolha publicada no final de 2019, goza de maior popularidade que Bolsonaro e seu nome na disputa pelo Planalto ganha força. Segundo, ter nas mãos o controle da Polícia Federal, um desejo antigo do ex-capitão.

A crise na relação do presidente com seu superministro eclodiu após uma reunião de Bolsonaro com secretários estaduais de segurança sem a presença de Moro. Bolsonaro disse que a demanda pela repartição do ministério teria vindo dos secretários. “Isso é estudado. É estudado com o Moro… Lógico que o Moro deve ser contra, mas é estudado com os demais ministros”, relatou.

Moro não gostou e disse a aliados que deixaria o governo caso Bolsonaro levasse o desmembramento do ministério adiante. A resposta do ministro não demorou a respingar. Bolsonaro recuou e disse que a possibilidade de dividir a pasta estava engavetada.

Na segunda-feira 27, em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan, Moro disse que segue no governo. Após ser perguntado se permaneceria na chefia do ministério, ele fez referência ao episódio da história em que D. Pedro I declarou que não retornaria a Portugal e que permaneceria no Brasil.

“Vai ser o segundo Dia do Fico, né?”, disse. Em seguida, disse que o assunto está encerrado. “Eu nunca falei nada. Esse episódio, o próprio presidente falou na sexta-feira (24) que está encerrado. Não tem nenhum motivo para eu não ficar. Estou fazendo um trabalho que eu me comprometi com o presidente. Fomos duros com o crime organizado, a criminalidade violenta, a corrupção, e os dados são positivos.”

Sobre ocupar uma vaga no STF, o ministro disse que avalia a possibilidade como “interessante”. “Eu não gosto de discutir vaga quando a vaga não existe”, declarou. “Eu acho que é uma perspectiva que pode ser interessante, natural na minha carreira, né. Eu venho da magistratura, seria algo interessante. Mas a escolha, evidentemente, cabe ao presidente da República.”

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