Política

Idas e vindas da esquerda na tentativa de criar um bloco na Câmara

Presidente do PSB atirou para vários lados na busca de uma cadeira na Mesa Diretora

Gleisi Hoffmann, Juliano Medeiros e Carlos Siqueira durante reunião em Brasília. Imprensa/PSB Gleisi Hoffmann, Juliano Medeiros e Carlos Siqueira durante reunião em Brasília.
Apoie Siga-nos no

Enquanto Rodrigo Maia (DEM) nada de braçadas em direção a reeleição na Câmara dos Deputados, siglas à esquerda continuam patinando na missão de construir um bloco que, se já não tem força para levar a disputa da presidência para o segundo turno, ao menos mira em se manter como oposição e conquistar uma cadeira da Mesa Diretora. A votação acontece na próxima sexta-feira, 1º.

O PT, PSOL e PSB ensaiam há algumas semanas uma formação que até agora não está certa. O que une os três, principalmente, é a recusa em apoiar a candidatura de Maia – que está com o PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro. PSB, porém, tem outro interesse em particular.

Tanto PT como PSOL esperam uma posição do presidente do PSB, Carlos Siqueira, sobre se a legenda está dentro ou fora do bloco. Siqueira, porém, não para de fazer cálculos: não está convencido de que o número de deputados das três siglas – 98 parlamentares – seja suficiente para conquistar a almejada cadeira na Mesa Diretora – que PT e PSOL já colocaram à disposição do PSB caso consigam a vaga.

Diante dos microfones, ele insistia que ainda existe chances de trazer PCdoB e PDT para o bloco.

PCdoB, porém, não deixará de apoiar Maia, que tem em suas mãos a decisão sobre a instauração ou não da CPI da UNE, que investigaria possíveis irregularidade no desvio de verba pública e poderia respingar no partido. O demista segura esse favor há quase dois anos para a sigla comunista.

Leia também: Nossa aliança não é nova, diz presidenta do PCdoB sobre apoio a Maia

O PDT de Ciro Gomes, por sua vez, não tem nenhum interesse em associar com o PT.

Paralelamente ao bloco à esquerda, Siqueira conversava com PP e MDB. Juntos eles superariam o bloco da esquerda – com 103 parlamentares. A hipótese ficou apenas na especulação de Siqueira. Ambas as siglas anunciaram ontem apoio a Maia.

Diante dos gravadores, insiste na retórica de que ainda há possibilidade de trazer do PCdoB e o PDT para o bloco – ambos já disseram que estão com Maia.

Paralelamente a isso, Siqueira manteve conversas com o PP e o MDB até segunda-feira, 28, quando ambas as siglas decidiram por também apoiar o demista.

Leia também: Para Freixo, apoio a Rodrigo Maia na Câmara é o suicídio da esquerda

Mesa

A Mesa Diretora da Câmara é composta por 11 cadeira. Com exceção da vaga de presidente, as outras vagas – dois vice-presidentes, quatro secretários e quatro suplentes – são definidas a partir do número de deputados que compõe cada bloco formado. Assim, quanto maior o número de parlamentares no bloco, mas chance de conseguirem uma cadeira.

Dentro das funções dos parlamentares que compõe a Mesa está a direção dos trabalhos legislativos e administrativos da Casa, como priorizar as demandas do processo legislativo.

Tudo ou nada

A existência do bloco depende da decisão do PSB, que a cada dia que passa reduz o leque de possibilidades para sua legenda. Segundo parlamentares, o PSOL não manteria a aliança com PT sem a presença de outras siglas que formasse um bloco mais amplo, disposto a ser oposição. Não à toa a sigla convidou a Rede – que tem apenas uma deputada – para juntar-se ao grupo.

A reunião para fechar essa história estava marcada para segunda-feira, 28, mas foi remarcada para a noite de quarta-feira 30, antevéspera da eleição da Câmara. Em dois dia muita água pode rolar.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar