Política
Entidade acusa Damares de impedir ação antitortura em cadeias no Ceará
Viagem foi vetada porque ministério não autorizaria custeio de visita se não fosse interesse do governo
O Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT) denunciou o Ministério da Mulher e dos Direitos Humanos, comandado por Damares Alves, por obstruir o trabalho da organização. De acordo a entidade, a pasta está impedindo que seus peritos apurem denúncias de tortura em prisões no Ceará.
Em comunicado público, o Mecanismo declara ter recebido em janeiro uma série de “denúncias graves de situações referentes a maus tratos, tratamentos degradantes, desumanos, cruéis e tortura” em penitenciárias, instituições socioeducativas e durante audiências de custódia no Estado. Mas a viagem dos peritos até lá não foi autorizada pelo ministério.
Segundo o MNPCT, o pedido foi negado porque o ministério não autorizaria “nenhum custeio de visita ao Estado do Ceará se não fosse interesse do Governo Federal”. É a primeira vez que isso ocorre desde a criação do órgão, em 2014.
➤ Leia também: Conselho de Damares Alves para quem é pai de menina: fuja do Brasil!
O apoio financeiro e logístico da Secretaria de Direitos Humanos (agora anexada ao Ministério) ao trabalho do MNPCT é garantido por lei. O órgão alega que, além de impedir o trabalho dos peritos, o Ministério ainda não nomeou os membros já eleitos para o Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (CNPCT).
Desde a criação, o MNCPT tem sido responsável por revelar centenas de casos de tortura em unidades prisionais de todo o país. Os órgão acolhe denúncias e faz vistorias em locais de privação de liberdade, como presídios, hospitais psiquiátricos, asilos e centros militares de detenção.
A CartaCapital procurou o Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem.
➤ Leia também: Homofobia no Supremo: Celso de Mello alfineta Damares Alves
[ATUALIZAÇÃO] Em nota enviada às 17h, o MMFDH afirma que não vetou a viagem ao Ceará, mas solicitou uma mudança nas datas – por economia, o pedido deveria ter sido feito 15 dias antes. O ministério argumenta ainda que os peritos “não demonstraram, por meio de documentos, que haveria urgência no atendimento ou mesmo apresentaram as supostas ‘denúncias’ que alegam terem recebido” .
Um minuto, por favor…
O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.
Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.
Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.
Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.
Assine a edição semanal da revista;
Ou contribua, com o quanto puder.