Economia
‘Eles tiveram a chance de garantir a democracia votando no Haddad’, diz Lula sobre manifesto de presidenciáveis
‘Essa gente preferiu votar no Bolsonaro’, declarou o petista em referência aos signatários. ‘O Ciro só foi para Paris, não votou’
O ex-presidente Lula analisou nesta quinta-feira 1 o manifesto divulgado na véspera por seis potenciais candidatos à Presidência em 2022. O texto, chamado Manifesto pela Consciência Democrática, rechaça o “autoritarismo” e defende a “liberdade”. Ele foi divulgado na quarta-feira 31, data que marcou o 57º aniversário do golpe militar de 1964.
Os signatários são Ciro Gomes (PDT), João Doria (PSDB), Eduardo Leite (PSDB), Luiz Henrique Mandetta (DEM), João Amoêdo (Novo) e Luciano Huck.
“Em um País deste tamanho, você não inventa candidato. Se inventar, o resultado é nefasto”, afirmou Lula em entrevista à BandNews FM. “Esse manifesto… Todos eles tiveram a chance em 2018 de deixar a democracia garantida votando no Haddad. Essa gente preferiu votar no Bolsonaro. O Ciro só foi para Paris, não votou. Eu acho normal que cada um procure o seu rearranjo político”.
Ainda sobre 2022, Lula descartou a possibilidade de, em uma eventual candidatura sua ao Planalto, contar com a empresária Luiza Trajano como vice. “Eu tive uma extraordinária relação com ela quando eu fui presidente. Ela é uma mulher excepcional e não acredito que ela se meta na política”.
Ao comentar o drama vivido pelo País em meio ao avanço da Covid-19, avaliou que a única forma de superar as crises sanitária e econômica é com vacinação acelerada e auxílio financeiro aos que mais necessitam. Ele afirmou que “não há jeito neste País se não tiver um auxílio emergencial de 600 reais”.
O negacionismo do presidente Jair Bolsonaro não passou despercebido. “Bolsonaro, quando você vai assumir a responsabilidade, parar de brincar e governar este País? Fecha a boca, Bolsonaro. Não adianta ficar falando bobagem. Deixa o médico falar por você”, emendou Lula.
“Deixe de ser ignorante, pare de brigar com a Ciência, pare de tentar falar com os seus milicianos. Quando tiver vacina para todo mundo, aí todo mundo vai voltar a trabalhar. E a economia poderá voltar a crescer”.
Lula também criticou a condução política da Operação Lava Jato, cujos instrumentos precipitaram, na avaliação do ex-presidente, a morte da ex-primeira-dama Marisa Letícia, em 2017.
“Se houve corrupção, tem que apurar e prender as pessoas. Mas ela [Lava Jato] privilegiou os ladrões, que estão fumando charuto e tomando rum às nossas custas”, afirmou. Segundo ele, a operação “oficializou o roubo”.
“O objetivo da Lava Jato era menos combater a corrupção e mais político. Imaginava destruir os partidos, desmoralizar o Congresso e o Supremo e tinha um projeto político. O Moro foi tratado como se fosse Deus”, apontou.
“A Lava Jato saiu da minha vida, o que eu queria desde 2016. Durmo tranquilo, mas sei que o Moro e o Dallagnol não dormem tranquilos”.
Lula ainda declarou que o Brasil “nunca foi tão respeitado nos Estados Unidos, na China, na Rússia, na Etiópia” quanto em seus governos, quando o País “virou protagonista internacional”.
Ele fez um chamado aos líderes internacionais pela união em torno do combate à Covid-19, inclusive “transformando as vacinas em um bem da humanidade”. O que falta, avalia o petista, “é dirigente para tomar decisão”.
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