Política

Eduardo Cunha: “Estou absolutamente convicto de que não menti”

Isolado, o presidente afastado da Câmara repete argumentos já usados em sua defesa sobre as contas no exterior e nega que renunciará ou fará delações

Apoie Siga-nos no

Sentado sozinho à mesa e ao som de vuvuzelas ecoando ao fundo, o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou nesta terça-feira 21 estar “absolutamente convicto” de que não mentiu à CPI da Petrobras em 2015, quando declarou não possuir contas no exterior.

Ele também reafirmou que não renunciará e não fará delações na entrevista coletiva concedida a jornalistas em Brasília. “Como vocês viram, não renunciei. E não tenho o que delatar.”

Ao longo de toda a sua fala, um pequeno grupo de manifestantes protestou com gritos e vuvuzelas, que podiam ser ouvidas, ao longe, durante o pronunciamento. Chamou a atenção também a ausência de parlamentares aliados do presidente afastado da Câmara. 

“Estou absolutamente convicto de que não menti”, afirmou Cunha. “Eu ter conta na literalidade da conta, não há comprovação disso, não tem como comprovar”, disse, apesar de evidências sobre a movimentação financeira de contas localizadas na Suíça já terem sido apresentadas pelo ministério público Suíço e pelo Banco Central brasileiro. 

O presidente afastado da Câmara dos Deputados disse que seu direito de defesa foi cerceado pelo pedido de prisão apresentado pelo procurador da República, Rodrigo Janot. “Fui cerceado no meu direito de defesa pelo pedido de prisao do procurador. Por isso, entrei com habeas corpus”, confirmando que entrou na segunda 20 com o pedido no Supremo Tribunal Federal (STF).

A expectativa é que o STF autorize na quarta 22 a abertura da segunda ação penal contra Cunha, por conta do envolvimento com o esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. A investigação apura se o político manteve contas na Suíça abastecida com dinheiro desviado da Petrobras. Eduardo Cunha é acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Protocolado pela Rede e pelo PSOL em 13 de outubro de 2015, o pedido para a cassação de Eduardo Cunha por quebra de decoro parlamentar foi o mais longo processo contra um deputado no Conselho de Ética. No último dia 14, o Conselho de Ética recomendou a cassação do peemedebista por 11 votos a 9. 

Durante a entrevista coletiva de mais de 2 horas, Cunha voltou a utilizar argumentos já apresentados em sua defesa, em especial, de que o truste não é conta bancária e que, por isso, não mentiu na CPI da Petrobras. 

O presidente afastado na Câmara também declarou que nenhum parlamentar questionou se sua esposa, a jornalista Cláudia Cruz, possuía contas. “Ela detinha conta sim, dentro do padrão do Banco Central. Era abaixo dos 100 mil dólares, então não precisava declarar”.

Eduardo Cunha aproveitou para fazer um balanço da sua atuação como presidente da Câmara, lembrando de matérias polêmicas, como a redução da maioridade penal. Em crítica à presidenta afastada Dilma Rousseff, negou que as votações de pautas-bombas tenham inviabilizado o governo petista. “Como se a Câmara fosse um bando de irresponsáveis”.

Por fim, defendeu sua atuação no processo de afastamento de Dilma. “Eu não sou nem herói e nem vilão no processo de impeachment. Mas a ira do PT está fazendo com que eu pague um preço, mas tenho a consciência tranquila que livrar o Brasil da Dilma e do PT será uma marca que terei a honra de carregar.”

Transmissão 

O diretor geral da TV Câmara, Cláudio Lessa, foi demitido no final da tarde desta terça 21 após reclamações dos deputados ao presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PMDB-MA). 

A entrevista coletiva de Eduardo Cunha, que está afastado da presidência da Câmara, foi transmitida ao vivo e na íntegra pela televisão oficial, interrompendo a veiculação das sessões do plenário da Casa. 

O substituto de Lessa será anunciado na quarta 22. 

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo