Política

Desgaste do Exército no ‘caso Pazuello’ repercute mal nas redes sociais

Levantamento mostra que 67% dos comentários sobre a decisão de não punir o general foram negativos

O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado
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A decisão das Forças Armadas de não punir o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, por participar de ato político com Jair Bolsonaro abriu nova crise. Dessa vez, entre as Forças Armadas e o povo brasileiro. A concessão aos desejos do presidente não caiu bem e o desgaste da imagem do Exército se refletiu nas redes sociais.

66% das menções ao Exército nas redes sociais nas últimas 24 horas foram negativas. Os elogios ficaram limitados a 27% – número próximo do apoio ao governo Bolsonaro captado em pesquisas de opinião. O general Santos Cruz, ex-integrante do governo, engrossou a horda de indignados com a submissão do Exército.

“A sensação de desrespeito atingiu muito mais o Exército do que o general ou o governo. A ideia de que uma instituição se rendeu ao bolsonarismo reflete a vergonha com a impunidade do general”, explica o analista de dados Pedro Barciela, que monitorou mais de 10 mil postagens de veículos de imprensa nas últimas 24h. “Muitos falam em ‘milicianização’ das Forças Armadas.”

Ainda de acordo com ele, o grupo bolsonarista que segue nas redes está mais reativo dos que nunca. Acostumada a pautar os debates nas redes sociais, essa ala parece ter perdido o controle da narrativa virtual nos últimos meses.

Histórico do “caso Pazuello” e a PEC

Ex-capitão do Exército e colocado na “geladeira” em 1987, Jair Bolsonaro abrigou mais de 6 mil militares em cargos civis no governo federal. Segundo dados do Tribunal de Contas da União, o número de militares cedidos para o governo em 2016 era de 2.957, uma variação de 108% na comparação com 2020. A chapa eleita em 2018 tem como vice outro militar, o general Hamilton Mourão.

De lá para cá, as Forças Armadas se viram no centro de controvérsias e vexames protagonizados pelo presidente —  referências a ruptura democrática; suspeitas de corrupção; produção extra de cloroquina para tratar Covid e, com a ida de um general da ativa para o comando do Ministério da Saúde, protagonismo na criticada política do governo de enfrentamento à pandemia.

Tudo isso chegou ao ápice quando Pazuello, já fora do ministério, subiu em um palanque com Bolsonaro — sem máscara, e quebrando as regras que proíbem militares da ativa participaram de atos políticos. O general Mourão falou em sanção, mas Bolsonaro dobrou a aposta e deu um cargo estratégico para o ex-ministro da Saúde.

Depois disso, o Exército cedeu, voltou atrás e enterrou qualquer investigação contra Pazuello, alegando não haver “transgressão”. A discussão reacendeu o debate sobre a aprovação de uma PEC que proíbe militares da ativa de ocupar cargos civis na administração pública.

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