Política
Denúncia de assédio é vista como ‘desastre’ e Guimarães deve deixar Caixa, diz jornal
Segundo O Globo, Bolsonaro comunicou ao presidente da Caixa que caso é ‘inadmissível’
A revelação de que funcionárias da Caixa Econômica Federal denunciaram o presidente do banco estatal, Pedro Guimarães, por assédio sexual, caiu como uma bomba no núcleo político da campanha de reeleição de Jair Bolsonaro. A informação é do jornal O Globo.
Enquanto os aliados buscavam um fato novo para abafar as repercussões da prisão do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, o site “Metrópoles” publicou ontem uma reportagem e depoimentos em vídeo com uma série de depoimentos de cinco vítimas (cujas identidades foram preservadas) comportamentos inapropriados de Guimarães, como convites, frases constrangedoras e toques em partes do corpo delas.
A reportagem diz que as mulheres são testemunhas de uma investigação em curso, sob sigilo, no Ministério Público Federal (MPF). O MPF do Distrito Federal afirmou que não fala sobre procedimentos sigilosos.
O jornal diz ainda que, em uma conversa rápida na noite desta terça-feira 28 no Palácio da Alvorada, Bolsonaro teria dito a Guimarães que as denúncias são “inadmissíveis”. No encontro, o presidente da estatal disse que pretende “se defender na Justiça”.
Segundo o jornalista Lauro Jardim, a demissão de Guimarães foi decidida na noite de ontem em uma conversa dele com Bolsonaro, e o executivo deve deixar o cargo hoje.
Em princípio, segundo relatos do entorno do presidente, Guimarães pedirá demissão para cuidar de sua defesa. A notícia, ainda segundo Lauro Jardim, deixou atônitos assessores do presidente durante a tarde de ontem.
De acordo com a publicação, a gravidade das denúncias levou o núcleo político da campanha de Bolsonaro a pressionar pela saída imediata de Guimarães do cargo.
Os membros da cúpula da campanha, como o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, viram as denúncias como um desastre numa campanha em que um dos maiores desafios é reverter a altíssima rejeição de Bolsonaro no eleitorado feminino – que chega a 61% entre as mulheres, segundo a última pesquisa Datafolha.
Isso poucos dias depois de o presidente desistir de convidar uma mulher, a ex-ministra Tereza Cristina, para ser sua vice, como defendia Costa Neto. Bolsonaro preferiu o general da reserva e ex-ministro Braga Netto. O recado dos aliados a Bolsonaro ontem foi claro: o presidente não poderia passar nem mais um dia fazendo campanha eleitoral enquanto Guimarães estiver no cargo.
De lá para cá, Guimarães se aproximou muito do presidente, a ponto de ser uma figura frequente nas transmissões semanais do presidente nas redes sociais. Ao concentrar os pagamentos do auxílio emergencial e do Auxílio Brasil, além de outras ações populares como o saque extraordinário do FGTS e o crédito para pequenas empresas durante a pandemia, Guimarães orientava sua atuação no banco estatal para funcionar como linha auxiliar dos interesses políticos de Bolsonaro.
A Caixa negou que tivesse conhecimento do teor das denúncias e anunciou na noite de ontem o cancelamento de uma cerimônia sobre financiamento agrícola que estava marcada para hoje com a presença de Guimarães.
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